MST assume proteção de testemunha e denuncia negligência

Chacina ocorreu no assentamento Chico Mendes, consolidado há três anos; movimento alega negligência

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Por Angela Lacerda
Atualização:

O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) assumiu nesta quarta-feira, 8, a proteção de um rapaz que, de acordo com nota divulgada à imprensa, testemunhou a chacina que vitimou, no final da tarde de segunda-feira, cinco assentados ligados ao movimento no município de Brejo da Madre Deus, no agreste. Para o MST, que mantém o rapaz escondido, houve negligência da polícia civil e do Governo do Estado. O delegado especial designado para investigar o crime, Sérgio Moura, não vê necessidade de proteção.

 

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"No seu depoimento, ele não deu uma só informação que ajudasse a elucidar o crime, disse não ter visto quem atirou, nem quantas pessoas estariam envolvidas nem se estavam em algum veículo", afirmou o delegado. "Ou o rapaz mentiu para as autoridades, ou mentiu para o MST, ou o MST está tentando politizar o caso".

 

A chacina ocorreu no assentamento Chico Mendes, consolidado há três anos. Os cinco assentados estavam trabalhando na construção de uma casa quando duas pessoas em uma moto teriam chegado e executado todos eles, com tiros na cabeça.

 

A testemunha em questão - cujo nome a polícia pede para não ser revelado - disse ao delegado que ia buscar um cavalo, próximo ao local, quando ouviu tiros, correu e percebeu um líquido quente escorrendo no corpo. Era sangue. Ele foi levado ao Hospital Geral de Caruaru, onde foi atendido e recebeu alta. O tiro foi de raspão na sua clavícula. "Ele estava no lugar errado na hora errada", afirmou o delegado, que já ouviu o depoimento de 17 pessoas.

 

Para ele, é remota a possibilidade de a chacina ter sido motivada por questões agrárias.

 

Na nota, o MST - que destaca a ocorrência de conflitos agrários na região - cita o nome do rapaz e diz que ele foi levado a depor, depois de liberado do hospital, "com a garantia de que teria proteção até o final das investigações". Sérgio Moura nega esta informação.

 

Os corpos dos cinco assentados foram enterrados. Quatro deles, pela manhã, nos municípios de Caruaru e Surubim, também no agreste. O presidente da Associação de Moradores do Assentamento Chico Mendes, João Pereira da Silva, 39 anos, foi enterrado à tarde, em Brejo da Madre de Deus. O ouvidor agrário nacional adjunto, João Pinheiro de Souza, que chegou de Brasília, e o promotor agrário estadual Édson Guerra, participaram do velório e visitaram o assentamento. "Vamos tentar colaborar com a polícia e acompanhar as investigações", afirmou o ouvidor agrário.

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