As lideranças do Movimento dos Sem-Terra (MST) anunciavam hoje a formação de novos acampamentos na região. O plano é ter famílias acampadas na maioria das 21 cidades, numa reação às críticas dos prefeitos que não aceitam sem-terra de outros municípios. As próximas da lista são Narandiba, Rancharia e Presidente Wenceslau, segundo revelou o dirigente regional Cláudio Costa Albuquerque. "Nesses locais existem famílias cadastradas há muito tempo". No último sábado, foi iniciado o acampamento de Marabá Paulista que somava hoje cerca de 300 famílias. Nos últimos 2 meses, o MST formou ainda grandes acampamentos em Presidente Epitácio, com cerca de 3,6 mil famílias, Sandovalina, com 450, e Rosana, com 300. Os barracos são erguidos em pontos estratégicos de rodovias, próximos de serviços públicos essenciais, como postos de saúde, escola e transporte coletivo, e quase dentro das cidades. Os prefeitos reclamam do aumento na demanda desses serviços. "Os acampamentos vão continuar acontecendo enquanto tiver famílias dispostas a lutar pela terra", disse Albuquerque. Segundo ele, os governos estadual e federal cadastraram mais de 20 mil famílias na região, gerando a expectativa da obtenção da terra. Em Marabá, cidade de 5 mil habitantes, foram cadastradas pelo Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) 850 famílias. A listagem foi publicada no Diário Oficial em janeiro deste ano. "Estamos usando esses cadastros e convidando as pessoas a se mobilizarem." É a forma, segundo ele, de levar o governo a fazer os assentamentos. "Essa demanda toda existe porque o governo não está assentando." O MST está convidando os prefeitos para o debate sobre a reforma agrária que realiza na próxima segunda-feira em Teodoro Sampaio. O coordenador regional Valmir Sebastião levou pessoalmente um convite ao prefeito de Sandovalina, Divaldo Pereira de Oliveira (PSDB), que decretou estado de emergência no município alegando a invasão de 1.500 sem-terra acampados na entrada da cidade. Hoje, em protesto, a prefeitura não funcionou. Os serviços públicos municipais municipais foram suspensos. Na Unidade Mista de Saúde, foram atendidos somente casos de urgência. O Movimento dos Agricultores Sem-Terra (MAST), que se opõe ao MST no Pontal do Paranapanema, abandonou a estratégia de não acampar mais famílias anunciada recentemente pelo coordenador nacional Lino de Macedo. Um novo acampamento está sendo formado desde a semana passada no município de Piquerobi, de 3,5 mil habitantes. Hoje, já estavam instalados na margem de uma rodovia vicinal 280 barracos, num total de 1.100 pessoas.