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MPF também analisa gestão de Ciro no CE

Por Agencia Estado
Atualização:

O Ministério Público Federal recebeu documentos do Banco Central, assinados pela diretora Tereza Grossi, contendo, segundo ela, operações irregulares do Banco do Estado do Ceará relativas ao período 91-94, quando o presidenciável Ciro Gomes (PPS) era governador. O procurador da República José Gerim Mendes Cavalcante está analisando a documentação para ver se entrará ou não com processo na Justiça. As denúncias chegaram após o procurador propor, em junho deste ano, ação contra o BEC, relativa ao segundo mandato do governador Tasso Jereissati (PSDB), também presidenciável. O documento do BC enumera 19 empresas que teriam sido beneficiadas com operações irregulares. Em entrevista ao Estado, Gerim Cavalcante disse que estuda a possibilidade de, se for o caso, ao invés de um adendo ao processo já em tramitação, propor uma segunda ação. "Desta forma os dois processos poderiam correr em paralelo e com maior rapidez", argumentou. O procurador adiantou o nome de apenas uma dessas 19 empresas que teriam sido beneficiadas com operações irregulares: a Yamacon Nordeste. De origem asiática, a empresa instalou-se no Ceará em maio de 1993. Foi uma das primeiras a serem atraídas pela política de incentivos fiscais que estava começando no Nordeste. Lançou um pólo industrial em Acarape, a 60 km de Fortaleza, e também montou unidades nos municípios de Sobral, a 230 km de Fortaleza. Em 1995, já no primeiro ano do segundo governo de Tasso, começaram a surgir na imprensa cearense notícias sobre a falência da empresa. Caso seja aberto o processo, a exemplo do que aconteceu com Tasso, Ciro também não deverá ser processado criminalmente pelo MP. Isso porque, de acordo com o procurador, a responsabilidade dele seria apenas política, e não jurídica. O Estado tentou ouvir o presidenciável do PPS sobre o assunto. A repórter deixou recado, através do telefone, para o assessor de imprensa dele, Egídio Serpa, mas Ciro não retornou a ligação. Os telefones da empresa Yamacon Nordeste encontram-se bloqueados para receber chamadas. Gestão de Tasso Em relação à gestão Tasso, a Procuradoria pediu ao Judiciário que requisitasse à direção do BEC, administrado pelo Banco Central desde 1998, uma série de 36 processos de operações financeiras consideradas irregulares. Os empréstimos, segundo a denúncia, haviam beneficiado empreiteiras que doaram recursos para a campanha de Tasso em 1994, quando ele se elegeu para o segundo mandato, e parentes de diretores do BEC. A ação contra a gestão Tasso (95-98) tramita desde o dia 25 de junho deste ano, na 11ª da Justiça Federal. Na próxima segunda-feira, a partir das 13 horas, a Justiça começa a ouvir os ex-diretores do BEC, Elfio Rocha Mendes, Eliardo Ximenes Rodrigues, José Domingos Sousa Filho e Maria Aurilene Cândido Martins. Na sexta-feira, será a vez de José Monteiro de Alencar (ex-presidente do banco entre 95 e 98), Ana Lúcia Castro Coelho e Pedro César Tavares Neto. Todos foram citados como réus pela prática de crime contra o Sistema Financeiro Nacional. Tasso tem declarado que não teme as investigações. Gestão de Ciro O economista Pedro Brito Nascimento presidiu o BEC durante o governo Ciro Gomes (91-94). Ele garante não haver nenhuma operação irregular durante a sua administração que, segundo afirma, "teve uma diretoria 100% de profissionais bancários e foi lucrativa em todos os anos". Pedro Brito destacou que, na sua época, o banco do Ceará apresentou índice de inadimplência inferior, inclusive, ao do mercado privado. "Os bancos privados trabalham com um índice de 3% do ativo e o do BEC era abaixo disso", argumentou. Sobre a empresa Yamacon Nordeste, Pedro Brito afirmou não lembrar se ela realizou alguma operação com o BEC. "Já faz tanto tempo", disse. O ex-presidente do banco ressaltou que, durante sua gestão, o nível de transparência era total. "Foram criados comitês para concessão de créditos. As operações começavam nas agências e, quando surgia alguma divergência, passava-se para um comitê do nível seguinte", apontou.

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