MPF já tem cópia de áudio da reunião sobre Protógenes

Por Ricardo Leopoldo
Atualização:

O procurador da República Roberto Dassié Diana já deu abertura ao procedimento investigatório criminal e de controle externo para apurar se houve vazamento de informação e obstrução à Operação Satiagraha, da Polícia Federal (PF). O procurador enviou hoje à Superintendência da PF, em São Paulo, um questionário no qual pretende averiguar como foram solicitadas as informações à direção da instituição, para averiguar se as reclamações do delegado Protógenes Queiroz são procedentes. Além disso, ele já tem em mãos a cópia integral do áudio da reunião ocorrida entre o delegado e dirigentes da PF na capital paulista, na qual foi oficializado o afastamento de Protógenes da direção da operação. Os procedimentos que estão sendo adotados pelo procurador Roberto Dassié são resultado da reclamação formal formulada ao Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP), na semana passada, pelo delegado Protógenes Queiroz. Na reclamação, o delegado disse que houve obstrução material e física para apurar o caso que culminou no indiciamento de dez executivos do Grupo Opportunity, entre eles, o sócio-fundador da instituição, Daniel Dantas. A direção da PF, com autorização do Ministério da Justiça, divulgou um trecho de alguns minutos da gravação. Porém, o delegado Queiroz queixou-se que o que foi divulgado não condizia com o que foi tratado na reunião, pois estaria indicando que foi ele quem pediu para deixar o caso. "Recebi a cópia do CD e acredito que até o fim dessa semana terei condições de ouvi-la na íntegra", afirmou o procurador. Já com relação à abertura do procedimento investigatório criminal sobre suspeita de vazamento de informações, o procurador disse que está relacionado a detalhes da Operação Satiagraha que teriam sido publicado pela imprensa, antes da operação ser deflagrada pela PF, há duas semanas. De acordo com informações divulgadas pelo delegado Protógenes Queiroz, a jornalista Andréia Michael, do jornal Folha de S.Paulo, teve acesso às informações que levaram à publicação da reportagem no dia 26 de abril, na qual ela relata que Dantas estava sendo investigado pela PF. Prejuízos Segundo o procurador, o delegado Queiroz, em sua representação de 16 páginas, formalizada junto ao Ministério Público na semana passada, disse que esse vazamento prejudicou o andamento das apurações. "Tanto sobre o vazamento de informações como em relação à suspeita de obstrução material e física para os trabalhos dessa operação, o delegado Protógenes Queiroz não cita nominalmente a participação de algum servidor da PF", disse o procurador. Ele acredita que a direção-geral da PF deve responder com rapidez os questionamentos que enviou à cúpula da instituição. Roberto Dassié Diana quer saber quem teria dificultado o acesso de reforço policial e material para a operação, como manifestou o delegado, e também quer saber se há procedimentos administrativos abertos pela direção da PF contra as autoridades que comandaram a Satiagraha. O procurador também quer ser informado sobre o eventual vazamento de informações para a repórter da Folha de S.Paulo. "Vamos aguardar as informação da PF, ouvir na íntegra da gravação que recebi da direção da Polícia Federal para avaliar quais serão os próximos passos que vamos adotar."

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