MPF denuncia Jefferson por formação de quadrilha

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Por CARINA URBANIN
Atualização:

O Ministério Público Federal do Distrito Federal (MPF-DF) ofereceu, na segunda-feira, denúncia contra o ex-deputado federal Roberto Jefferson por formação de quadrilha. Segundo o MPF, o esquema formado pelo ex-deputado, atual presidente do PTB, teria a função de "arrecadar, de forma criminosa, verbas ilícitas para o partido". Foram denunciados também os ex-empregados da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) Maurício Marinho, Antônio Osório, Fernando Godoy, Julio Imoto e Eduardo Coutinho; o ex-presidente da Eletronorte Roberto Garcia Salmeron; o primo de Antônio Osório, Horácio Batista; e o ex-presidente da ECT João Henrique Souza. As investigações do MPF foram deflagradas em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), com a Polícia Federal (PF) e com um grupo de auditores dos Correios para apurar delitos cometidos no âmbito da empresa, após a divulgação de uma filmagem em que Marinho, então chefe do Departamento de Compras e Contratações (Decam), apareceu recebendo R$ 3 mil de propina em sua sala funcional na ECT. De acordo com o MPF, o esquema teria arrecadado cerca de R$ 5 milhões. Os procuradores da República responsáveis pelo caso, Bruno Acioli, Raquel Branquinho e José Alfredo de Paula, concluíram que a ECT "foi vítima da ação organizada de quadrilha composta por empregados públicos, políticos, empresários e lobistas". Segundo eles, o esquema funcionou efetivamente no período de fevereiro de 2003 a junho de 2005. De acordo com os procuradores, o objetivo primordial da organização era o financiamento de projetos políticos. Esquema De acordo com o MPF, o plano montado por Roberto Jefferson, suposto chefe da quadrilha, teve início com a indicação política de Antônio Osório, filiado ao PTB, para ocupar o cargo de diretor de Recursos Humanos da ECT. Posteriormente, ele foi indicado para o cargo estratégico de diretor de Administração na empresa. Em seguida, Antônio Osório teria agregado seus principais auxiliares: Fernando Godoy e Maurício Marinho, ambos empregados concursados da ECT e principais operadores do esquema. Mais adiante, os servidores Eduardo Coutinho e Julio Imoto também teriam se associado ao grupo. Ainda de acordo com informações do MPF, assessorado por Roberto Garcia Salmeron, Roberto Jefferson faria pessoalmente o monitoramento do desempenho de Osório na missão de arrecadar fundos para o PTB. Segundo o MPF, a quebra do sigilo telefônico de Jefferson teria também comprovado a relação direta do ex-deputado com os suspeitos Fernando Godoy e Marinho. As investigações apontam que Marinho agia diretamente junto às empresas na formulação dos pedidos de propina. A prova disso seria a apreensão de planilhas no seu computador e no de Godoy, além da planilha apreendida no gabinete de Antônio Osório. Tais documentos trariam detalhada contabilidade da propina a ser levantada em benefício dos denunciados e do PTB. Na sala de Marinho, de acordo o MPF, também foram apreendidos documentos datados de 2005 que tinham a função de monitorar os pagamentos feitos a diversas empresas relacionadas nas planilhas de propina. A planilha encontrada no computador de Godoy, segundo o MPF, possui um campo específico intitulado "AGREM", que seria a abreviatura de agremiação, a qual destaca o montante a ser repassado ao PTB. Campanhas eleitorais O MPF concluiu ainda que, além da arrecadação de recursos para o PTB e para os próprios denunciados, os membros da quadrilha solicitavam aos empresários material de campanha e apoio financeiro para candidatos apoiados por Antônio Osório e o então presidente da ECT João Henrique Souza, para a campanha eleitoral de 2004. Segundo os procuradores, a prática caracteriza crime de corrupção passiva. Antônio Osório, Godoy, Marinho e Souza respondem ainda denúncia por corrupção passiva, além de formação de quadrilha.

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