MPF denuncia Garotinho por suporte político a esquema criminoso

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Por Redação
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O ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho foi denunciado pelo Ministério Público Federal por garantir politicamente uma organização criminosa que usou a estrutura da Polícia Civil do Estado para lavagem de dinheiro, facilitação de contrabando e corrupção. O esquema ilegal, que envolvia proteção a criminosos e arrecadação de recursos ilícitos, seria operado pelo ex-chefe da Polícia Civil no governo de Rosinha Matheus e atual deputado estadual pelo PMDB Álvaro Lins, que foi preso nesta quinta-feira pela Polícia Federal (PF), na Operação Segurança Pública S.A. Garotinho foi Secretário de Segurança Pública no governo de Rosinha de 2003 a 2004. "Detectamos a existência de uma quadrilha atuando no Rio, na área de segurança pública. Ela consistia de um núcleo político com influência do Estado, que nós consideramos o chefe maior, e o segundo maior era um chefe de muita importância em termos políticos e operacionais, que tinha sob seu comando vários policiais", disse o superintendente da PF do Rio, delegado Valdinho Jacinto Caetano. De acordo com o Ministério Público Federal, Garotinho exercia influência política no governo do Rio de Janeiro para dar respaldo às ações ilegais de Lins e seus subordinados. O ex-chefe da Polícia Civil é acusado de liderar um esquema de proteção a criminosos envolvidos na máfia dos caça-níqueis e jogos de azar, dos quais cobraria propina mensal que era destinada a abastecer campanhas eleitorais e ao enriquecimento dos policiais. "O Ministério Público Federal está convicto de que uma organização criminosa atuou durante mais de seis anos no governo do Estado do Rio, especificamente na Secretaria de Segurança Pública", disse o procurador regional da República, Maurício da Rocha. "Nesse período, um grande grupo de policiais civis sentiu-se livre para intimidar diversos infratores em detrimento da segurança pública. Em várias delegacias, os denunciados faziam vista grossa a condutas ilegais em troca de altas quantias", acrescentou. A PF cumpriu mandados de busca e apreensão nas casas do ex-governador Anthony Garotinho, no Rio e em Campos. O delegado Valdinho Caetano afirmou que não poderia dar detalhes do material apreendido, porque o processo que envolve Garotinho estaria sob "segredo de Justiça". O ex-governador responderá por formação de quadrilha armada, segundo o MPF. "A informação que temos é que os policiais federais chegaram até minha casa, à biblioteca da Rosinha (mulher de Garotinho e ex-governadora do Rio), e levaram absolutamente nada. Levaram o laptop da Rosinha, que não tem nada. É o laptop que ela usa para dar aula na escola bíblica dominical", disse Garotinho a uma rádio de Campos, assegurando que ele e sua mulher estão tranquilos e que ele faz questão de ser investigado. Garotinho iniciou sua carreira política em Campos, no norte fluminense, e chegou ao governo do Rio em 1998 por uma coligação de esquerda que incluía PDT, PT, PSB e PCdoB. Ele concorreu à Presidência da República, em 2002, pelo PSB, e em 2003 se transferiu para o PMDB, onde permanece até hoje. (Reportagem de Rodrigo Viga Gaier, Texto de Mair Pena Neto)

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