MPF cobra explicações de ministro da Defesa sobre fala de general

Comandante do Exército fez manifestação de 'repúdio à impunidade' na véspera do julgamento de Lula; Procuradoria já apura declaração de outro general que falou em 'intervenção militar'

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Por Fabio Serapião
Atualização:
O comandante do Exército brasileirom, general Eduardo Villas Boas Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino

BRASÍLIA - A Procuradoria da República no Distrito Federal cobrou explicações nesta quarta-feira, 4, do ministro interino da Defesa, Joaquim Silva e Luna, sobre as declarações do comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas.

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Ontem, véspera do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Supremo Tribunal Federal (STF), Villas Bôas afirmou em uma rede social que o Exército está "atento às missões institucionais". A afirmação do comandante tem sido interpretada como uma forma de pressão sobre o STF no caso da revisão da possibilidade de prisão após a 2ª instância.

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+ Regulamento proíbe militares de se manifestar publicamente sobre assuntos políticos “Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais", disse Villas Bôas.

Como ministro tem foro privilegiado, o procurador Ivan Marx, que assina o pedido de explicações, pediu à Procuradoria-geral da República que encaminhe a solicitação para Silva e Luna.

"Oficie-se ao ministro da Defesa (via PGR), com cópia integral do presente procedimento, para ciência e manifestação sobre eventual risco de função interventora das Forças Armadas", diz a manifestação Marx.  

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+ Declaração de general protagoniza debate sobre Lula a horas do julgamento A solicitação de informação do procurador foi no âmbito do Procedimento Investigatório Criminal (PIC) em que se apura as declarações de outro militar, o general Antônio Hamilton Mourão. 

O general, que foi para a reserva em fevereiro, afirmou em palestra realizada em setembro do ano passado que as Forças Armadas poderiam optar por uma “intervenção militar” caso o Judiciário não solucionasse o problema político do país.

No procedimento, o procuradorafirma que, em tese,  Mourão fez “propaganda de processo ilegal para alteração da ordem política ou social e incitou à subversão da ordem política e social, conforme vídeo divulgado e notícias vinculadas em diversos canais de comunicação". A apuração foi prorrogada pelo procurador Marx, em janeiro deste ano, após o Exército encaminhar uma resposta que não satisfez o MPF.