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MPE investigará denúncias contra a UNE no Rio

Por Agencia Estado
Atualização:

O Ministério Público Estadual deve abrir inquérito hoje para investigar uma série de denúncias apresentadas contra a União Nacional dos Estudantes (UNE) pelo estudante de Direito da PUC-RJ Pedro Trengrouse Laignier de Souza, de 22 anos. Entre as denúncias, o suposto desvio de R$ 600 mil de uma conta da entidade e a falta de controle na emissão de carteirinhas de meia-entrada, fato evidenciado por uma carteira emitida na semana passada em nome de Fernando Dutra Pinto, o seqüestrador de Patrícia Abravanel, filha de Sílvio Santos. A foto usada foi retirada de uma revista. O rapaz se apresenta como diretor de Políticas Institucionais da UNE, informação que é negada pelos representantes da entidade. "Está comprovado que é fácil tirar uma carteirinha da UNE. Além do mais, essa denúncia se faz acompanhar de uma carteira de pessoa que, obviamente, não é estudante", disse o procurador Romero Lyra, que considerou "graves" as denúncias e encaminhará o dossiê montado por Souza para a 6ª Central de Apoio Operacional para a Defesa da Cidadania e para a coordenação da 1ª Central de Inquéritos. Lyra chegou a se irritar com representantes da UNE e diversas vezes ameaçou expulsá-los de um auditório onde atendia a imprensa. Ele ressaltou, porém, que a entidade terá todas as oportunidades de rebater as acusações. O presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE), Emerson Carvalho, ligado à UNE, afirmou que foi o próprio denunciante quem solicitou a emissão da carteira em nome de Fernando e acusa o estudante de ter coagido a funcionária da empresa que emite as carteiras. Em outra ocasião, a empresa autorizara a moça a emitir uma carteira na qual o estudante aparecia como diretor da UNE. A versão é confirmada pela funcionária, Alessandra da Silva, de 26 anos. "Ele chegou ao posto, me cumprimentou e disse que precisava fazer uma carteira para um amigo. Eu disse que sem os documentos não poderia. Ele falou que era diretor da UNE e que eu tinha que fazer", disse ela, que recebe R$ 250 por mês da empresa Tec Invest, uma das que emite as carteiras. Souza nega a história. "A carteira chegou às minhas mãos por meio de terceiros, pessoas que não quiseram se identificar". Entre as outras denúncias apresentadas por ele estão o pagamento de salários para 11 membros da direção da UNE, a existência de estudantes com "matrículas fantasmas" nessa direção, fraude na eleição da diretoria da entidade, ocorrida em um congresso em Goiás, em junho. Para os representantes da UNE, tudo se resume a uma questão política. Membro da Social Democracia Estudantil (SDE), Souza é ligado ao PSDB, oposição à direção da UNE, dominada pelo PC do B. A tensão entre os dois partidos cresceu depois da Medida Provisória que retirou da UNE o monopólio das carteirinhas. "Não temos dúvidas de que isso é uma articulação da SDE, que há anos tenta criar uma entidade paralela à UNE. Vamos processá-lo por calúnia, difamação e falsidade ideológica", afirmou o presidente da UEE.

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