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MP pede quebra de sigilo de acusados de corrupção na gestão de Maluf

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Ministério Público de São Paulo vai requerer esta semana à Justiça a quebra do sigilo bancário e telefônico de pessoas físicas e jurídicas citadas em suposto esquema de corrupção na administração Paulo Maluf (1993-1996) e em autarquias e empresas públicas do Estado. O principal alvo dessa etapa da investigação é a empreiteira Mendes Júnior, gigante da construção pesada. Dois diretores da construtora são apontados como encarregados da "entrega de valores" ao ex-secretário municipal de Obras e Serviços, Reynaldo de Barros. Depois, o dinheiro seria enviado para paraísos fiscais. As revelações sobre o caixa 2 que teria sido montado para "facilitar desvio de verbas de obras superfaturadas e remessa para o exterior" foram feitas por dois ex-funcionários da empreiteira, o ex-coordenador administrativo-financeiro Simeão Damasceno de Oliveira e o ex-caixa Joel Guedes Fernandes. Os promotores de Justiça Silvio Antonio Marques e José Carlos Blat, que investigam o caso, acreditam que parte dos recursos teria saído do País pelas mãos de doleiros e abastecido contas de Maluf na Suíça e na Ilha de Jersey. Por meio de seus advogados, o pepebista avisou que vai processar Simeão, um "chantagista mentiroso". A direção da Mendes Júnior afirma ser vítima de uma tentativa de extorsão de Simeão. Notas frias - Simeão e Joel apontaram seis empresas que teriam sido subcontratadas pela construtora para prestação de serviços e fornecimento de produtos e insumos. Cinco delas serviriam exclusivamente para emissão de notas fiscais frias em favor da Mendes Júnior na obra da Avenida Água Espraiada, empreendimento da gestão Maluf. Segundo o ex-coordenador financeiro, a Prefeitura gastou R$ 800 milhões com a obra, dos quais R$ 550 milhões teriam sido desviados. "É muito grave, os 4,5 quilômetros da avenida ficaram muito mais caros do que os 32 quilômetros do trecho oeste do Rodoanel", comparou o deputado Alberto Goldmann (PSDB-SP), que denunciou irregularidades na obra ao Ministério Público. Os promotores querem ouvir pelo menos três subempreiteiros até quinta-feira. Quem se recusar a depor deverá ser conduzido por força policial. Os que resolverem colaborar poderão ser contemplados com a redução de pena em dois terços ou até um eventual perdão judicial - benefícios previstos na Lei de Combate ao Crime Organizado. Má-fé - A Mendes Júnior S.A. afirma não temer Simeão. Com empreendimentos de grande porte no Brasil e no exterior - usinas hidrelétricas e obras metroviárias - a própria empreiteira tomou a iniciativa de ir à polícia contra seu ex-coordenador administrativo-financeiro. "A empresa está absolutamente tranqüila", disse o advogado Manoel Giácomo Bifulco, que defende a Mendes Júnior. "Todas as ações que este senhor (Simeão) propôs à Justiça estão sendo indeferidas por inépcia ou litigância de má-fé." Os advogados de Maluf preparam processo contra o ex-diretor da Mendes Júnior. "Esse cidadão não tem provas do que diz simplesmente porque elas não existem", disse o assessor de imprensa do ex-prefeito, Adilson Laranjeira. O deputado Reynaldo de Barros Filho (PPB-SP) afirmou que seu pai, o ex-secretário Reynaldo de Barros, "nunca viu ou sequer ouviu falar desse sujeito (Simeão)". O parlamentar contou que no ano passado foi procurado em seu gabinete, na Assembléia, por uma pessoa que se apresentou como advogado de Simeão. "Esse tal advogado tentou extorquir a gente", disse Reynaldo Filho. "É bom negociar porque temos documentos que incriminam seu pai", teria dito o emissário. O deputado disse que "expulsou o advogado". "Se o senhor tem algum documento, sua obrigação cívica e moral é entregar tudo imediatamente ao Ministério Público e à Polícia."

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