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MP do Paraná procura dono da Lavicen

Por Agencia Estado
Atualização:

Joel Gonçalves Pereira, o homem apontado pela movimentação de milhões de reais recebidos em supostos serviços prestados durante a construção do túnel Ayrton Senna, em São Paulo, não foi localizado nesta quarta-feira pelo Ministério Público do município de Altônia, no Paraná, e a promotora Cláudia Rodrigues Moraes, que tenta ouvi-lo a pedido do Ministério Público de São Paulo, já suspeita que o endereço dele não existe. "Recebemos hoje a carta precatória dos promotores de São Paulo, mas em nossas primeiras consultas não conseguimos localizar o endereço, o que é muito estranho, pois Altônia é uma cidade de apenas 19 mil habitantes, onde todo mundo se conhece", afirmou Cláudia, por telefone, à Agência Estado. A promotora expediu notificação ao Cartório Eleitoral de Altônia na tentativa de localizar o endereço de Pereira. O suposto endereço de Pereira foi obtido pelo Ministério Público de São Paulo a partir dos registros e contratos da Lavicen Construções e Locação de Máquinas e Terraplanagem, a empresa da qual ele é sócio. A Lavicen recebeu da Prefeitura de São Paulo, durante a gestão do ex-prefeito Paulo Maluf (PPB), milhões de reais para realizar serviços que, segundo o Ministério Público, não chegaram a ser feitos na obras do túnel Ayrton Senna. O endereço de Pereira nos contratos é impreciso: rua Principal, sem número, Altônia, Paraná. O telefone não existe. O CPF dele, conforme informa o site da Receita Federal na Internet, está cancelado desde o ano passado. Pereira voltou ao centro das investigações sobre a Lavicen na semana passada, depois do depoimento de Francisco Sacerdote, encaminhado por escrito ao Ministério Público em Curitiba. Sacerdote é o procurador da Lavicen e, no depoimento, disse que todas as operações de recebimento e remessa de dinheiro eram realizadas por Pereira, que também emitia as notas fiscais da empresa. O outro sócio de Pereira na Lavicen, Lavino Kill, é um "laranja" segundo o Ministério Público. Um sapateiro pobre e semi-analfabeto que vive no município de Colombo (PR) e nunca soube da existência da empresa. Sua assinatura foi falsificada no contrato social da Lavicen. Na semana passada, Kill afirmou para a Agência Estado que Pereira também deve ser um "laranja" como ele. Os promotores que investigam a Lavicen já admitem, veladamente, a hipótese. "O surpreendente é que uma empresa com este perfil recebeu milhões para realizar serviços em obras públicas em São Paulo", avalia o promotor Luís Salles do Nascimento, da Cidadania. A Lavicen foi subcontratada pela construtora CBPO para trabalhar no Ayrton Senna e em, pelo menos, outras cinco grandes obras públicas no Estado de São Paulo, como comprovam contratos entre as duas empresas anexados nesta quarta na ação em curso no Ministério Público. Salles requisitou todas as planilhas de pagamentos realizadas pela CBPO para a Lavicen. A construtora pediu 30 dias de prazo para procurar os documentos em seus arquivos.

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