MP do Pará reluta em apurar denúncias contra Jader

Por Agencia Estado
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Se depender da disposição do MP do Pará, será difícil levar adiante qualquer investigação sobre o envolvimento do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), na transferência de supostas aplicações financeiras de clientes do Banco do Pará (Banpará) para sua conta pessoal no banco Itaú, agência Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Em 1990, o então promotor Geraldo Rocha, após receber o primeiro relatório do Banco Central sobre as irregularidades, pediu o arquivamento do caso, alegando que não havia a quem acusar. Rocha, hoje, é o procurador-geral de Justiça. Um ano depois, um novo relatório do BC foi enviado ao Pará , mas sequer chegou às mãos de Rocha. Foi arquivado pela procuradora-geral, Marília Crespo. Em 1996, Crespo abandonou o Ministério Público para filiar-se ao PMDB, pelo qual elegeu-se vereadora de Belém com o apoio de Jader Barbalho. No ano passado, ela tentou a reeleição, mas perdeu. Rocha é quem atualmente chefia o Ministério Público. Foi reconduzido ao cargo no início deste mês pelo governador Almir Gabriel. Ontem, ele não foi encontrado na sede do órgão para falar sobre o caso. Sua assessoria informou que o procurador, com um problema de saúde, foi hospitalizado. O promotor Vicente Miranda, que há mais de dez dias solicitou ao BC a remessa de documentos que supostamente incriminariam Barbalho no desvio de R$ 10 milhões do Banpará, pouco ou quase nada poderá fazer para encontrar e responsabilizar os culpados pelas irregularidades. Sua atribuição, no Ministério Público, é limitada apuração de crime por improbidade administrativa. Procurado, Miranda esquivou-se da imprensa. Por intermédio de um funcionário do Ministério Público, ele mandou dizer que só irá se manifestar no "momento oportuno". "Isso tudo não passa de uma grande chantagem política", afirmou ontem a Agência Estado, por telefone, o senador Jader Barbalho. Ele disse que esses fatos voltaram a brotar na imprensa em razão de sua eleição para a presidência do Congresso Nacional. "Se eu passar mais 15 ou 20 anos na vida pública vão inventar, até lá, um monte de coisas". Quanto à suposta influência que teria exercido como governador do Pará sobre o Ministério Público ou sobre a ex-procuradora-geral de Justiça, Marília Crespo, para arquivar denúncias contra ele, Barbalho foi taxativo: "a dra. Marília jamais tratou disso comigo em qualquer momento e eu desafio alguém a demonstrar o contrário. Ela foi candidata pelo PMDB a vereadora, assim como poderia ter sido pelo PFL. O Almir (governador Almir Gabriel) foi meu secretário de Saúde no governo, depois meu prefeito nomeado e meu candidato a senador, mas hoje é meu adversário político. Uma coisa não tem nada a ver com a outra ". Segundo o senador, ele sempre desconheceu a existência de qualquer relatório que o incrimine com irregularidades no Banpará. "Estou cobrando isso hoje do Banco Central porque, se havia alguma coisa, eu deveria ter sido intimado. Afinal, eu também sou contribuinte". Perguntado se estaria se sentindo acuado na presidência do Congresso diante das denúncias que têm sido publicadas pela imprensa, Barbalho afirmou: "estou, isto sim, muito tranqüilo. Acuado eu estaria se não tivesse tomado a iniciativa de solicitar providências do Banco Central e pedir uma CPI do Banpará". Sobre a possibilidade de retomada, pela Justiça paraense, do caso Aura, no qual foi condenado por corrupção pelo juiz Pedro Paulo Martins, hoje desembargador do TJ, Barbalho disse nada temer. "Esse processo foi anulado, mas isso aí pode vir conforme o gosto do freguês e da encomenda", disse o senador. E acusou Antonio Carlos Magalhães, seu desafeto político, de estar organizando "chantagem política" contra ele. "Isso é claro e evidente e quem não acreditar também acredita em Papai Noel".

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