Movimentos sociais já se organizam para pressionar a aceleração do processo no Senado
Líderes do Movimento Brasil Livre e da organização do Vem pra Rua prometeram agir nas bases do senadores indecisos para reduzir de dez para duas as sessões no Senado
Por Pedro Venceslau , Eduardo Rodrigues , Rafael Italiani , Valmar Hupsel Filho e com Victor Martins
Atualização:
BRASÍLIA - Uma vez acolhida a admissibilidade do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, a pressão de grupos organizadores de manifestos de rua pró-impeachment se voltará para o Senado, responsável pela abertura ou arquivamento do processo. Na Casa, o foco será o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), responsável pela condução do processo, além de senadores que se declaram indecisos ou contra o impedimento.
"Agora a pressão é total em cima de Renan", disse um dos coordenadores nacionais do Movimento Brasil Livre, Renan Santos. A intenção é fazer com que o peemedebista conduza o processo com celeridade para que a votação na Casa aconteça próximo ao dia 11 de maio.
Impeachment: veja os votos curiosos dos deputados
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Já conhecido como 'deputado dos confetes', Wladimir Costa (SD-PA) (à direita) repetiu a comemoração inusitada ao votar a favor do impedimento da presi... Foto: Dida Sampaio/EstadãoMais
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Um dos parlamentares que criticou Eduardo Cunha em seu voto, odeputado Glauber Braga (PSOL-RJ)chamouo presidente da Câmarade gângstere afirmou: "O que... Foto: Ed Ferreira/EstadãoMais
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O deputado Valdir Colatto (PMDB-SC) afirmou que os agricultores foram enganados pelo governo: "Se os agricultores não plantam, ninguém almoça nem jant... Foto: DivulgaçãoMais
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Investigado
Depois de esperar que a bancada favorável ao impeachment cantasse inteiro o famoso "eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor", o deputa Br... Foto: Mais
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"Senhor presidente, o meu voto é em homenagem às vitimas da BR-251, é pra dizer que o Brasil tem jeito e o prefeito de Montes Claros mostra isso para ... Foto: ReproduçãoMais
Luta contra a corrupção
"Eu acho que nunca vi tanta hipocrisia por metro quadrado, dizer que vai lutar contra a corrupção colocando Temer e Cunha no poder", disse aProfessora... Foto: ReproduçãoMais
Para a família
"À minha querida família, minha esposa Tati Teixeira e meus filhos, contra a corrupção, sim ao impeachment", disse Ezequiel Teixeira (PTN-RJ). Foto: Reprodução
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A pressão, segundo Santos, será de baixo para cima, a partir de Alagoas, Estado natal do presidente do Senado. Prefeitos da base de apoio de Renan e de seu filho, o governador de Alagoas Renan Filho, serão provocados por integrantes do movimento a engrossarem a pressão por um processo rápido. "Kim (Kataguiri, outro coordenador nacional do movimento) inclusive vai a Alagoas para pressionar", disse.
Além disso, os grupos pró-impeachment pretendem transferir para os senadores as mesmas ações que fizeram junto aos deputados. Aqueles que tomarem posição publicamente contra o impeachment e os que se declararem indecisos deverão ter seus nomes, telefones e e-mails divulgados nas páginas dos grupos pró-impeachment na internet e diretamente aos seus seguidores via grupos de WhatsApp. A ideia, segundo um dos coordenadores nacionais do Movimento Brasil Livre, Kim Kataguiri, é constranger e fazer os senadores votarem pelo afastamento da presidente.
Há também a proposta de criar um Comitê pró Impeachment nos moldes do que funcionou na Câmara no período que antecedeu a votação na Casa. Composto por deputados e representantes dos movimentos organizadores de atos de rua pró-impeachment, o Comitê foi implantado em fevereiro deste ano para integrar as ações de rua com as do Congresso.
"Vamos transferir a pressão para os senadores e a partir de agora ir às bases dos indecisos, como fizemos com os deputados", disse. O MBL pretende marcar uma grande manifestação de rua para a data da votação no Senado, estimada para o início de maio.
"Ainda temos de passar pela aceitação do Senado. Acreditamos que os senadores vão votar contra a corrupção e a favor do impeachment", disse Malu Guido, da organização do Vem pra Rua. "Amanhã todo mundo volta ao trabalho, mas vamos voltar quando for para o Senado e sempre que for necessário", afirmou.
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O porta-voz do Vem pra Rua, Júlio Lins, avaliou que a pressão, agora, será para que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, conduza o processo em duas sessões. "O presidente do Senado disse que quer fazer em dez, mas vamos pressionar para ser em duas", comentou.
Câmara dos Deputados vota processo de impeachment
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Câmara dos Deputados vota processo de impeachment
Deputados votam impeachment de Dilma Foto: Andre Dusek/Estadão
Câmara dos Deputados vota processo de impeachment
Deputado Weverton Rocha (PDT-MA) discute com colegas e gera empurra-empurra na aberturada sessão de votação do impeachment Foto: ANDRE DUSEK /ESTADÃO
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Imagemde deputados que votam aparece no telão da Câmara Foto: Andre Dusek/Estadão
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Houve gritos e empurra-empurra na abertura da sessão Foto: AFP PHOTO / EVARISTO SA
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A sessão de votação começou com tumulto e interrupções ao discurso de abertura do presidente da casa Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino
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O deputado Paulinho da Força usou o seu tempo para cantar uma paródia de Para Não Dizer Que Não Falei das Flores, de Geraldo Vandré, para criticar o g... Foto: Dida Sampaio/EstadãoMais
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O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, abriu a sessão Foto: AFP PHOTO / EVARISTO SA
Deputados pró e contra o governo levaram faixas, cartazes e balões Foto: Dida Sampaio/Estadão
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Ao lado de Jair Bolsonaro, Marco Feliciano e outros deputados da legenda, o parlamentar André Moura criticou o gestão petista Foto: Dida Sampaio/Estadão
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Abertura da sessão de votação teve tumultos e manifestações individuais de parlamentares Foto: DIDA SAMPAIO /ESTADÃO
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Defensor do governo Dilma, o deputado Silvio Costa chamou Eduardo Cunha de "bandido, ladrão e canalha" Foto: Dida Sampaio/Estadão
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O presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB RJ) abre a Sessão Especial de Votação do pedido de Impeachment pelo plenário da Câmara dos Deputados Federa... Foto: DIDA SAMPAIO /ESTADÃOMais
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O presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB RJ) abre a Sessão Especial de Votação do pedido de Impeachment Foto: DIDA SAMPAIO /ESTADÃO
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Aberta a sessão Especial de Votação do pedido de Impeachment pelo plenário da Câmara dos Deputados Federais em Brasília Foto: DIDA SAMPAIO /ESTADÃO
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Deputado Paulo Teixeira (PT SP) questiona o presidente Eduardo Cunha a presença de deputados de oposicão na mesa Foto: DIDA SAMPAIO /ESTADÃO
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O presidente de Honra do PTB Roberto Jefferson e Benito Gama (PTB - BA), que foi presidente da CPI que resultou no Impeachment de Fernando Colllor em ... Foto: ANDRE DUSEK /ESTADÃOMais
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Paulo Maluf (PP SP) declarou , ao chegar à Câmara, que 'não existe motivo jurídico para o afastamento da petista'.Leia aqui Foto: ANDRE DUSEK /ESTADÃO
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O presidente de Honra do PTB Roberto Jefferson conversa comBenito Gama (PTB - BA), que foi presidente da CPI que resultou no Impeachment de Fernando C... Foto: ANDRE DUSEK /ESTADÃOMais
Câmara dos Deputados vota processo de impeachment
Roberto Jefferson posou para fotos ao lado da filha Cristiane Brasil e de Arnaldo Faria de Sá Foto: Dida Sampaio/Estadão
Câmara dos Deputados vota processo de impeachment
O deputado Orlando Silva (PC do B) se envolveu em discussão com parlamentares da oposição Foto: Andre Dusek/Estadão
Comemoração. Os manifestantes pró-impeachment assistiram a votação na Câmara em Brasília em clima de torcida organizada. Desde o começo do dia, o "Mapa do Impeachment" e o "Muro da Vergonha" foram os dois pontos de encontro que mais atraíram os manifestantes pró-impeachment que chegavam ao lado sul da Esplanada dos Ministérios.
Manifestantes tiravam ainda selfies com plaquinhas nas mãos que foram distribuídas na Esplanada com os dizeres "Tchau, querida".
A cada voto de sim, exibido em telões instalados na rua, o lado direito da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, ocupado pelos movimentos contrários ao governo, gritavam, apertavam buzinas e batiam tambores.
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Os votos não eram acompanhados de sonoras vaias. Quando era anunciada uma abstenção os manifestantes chamavam o deputado de "vendido". Com a proclamação do resultado o clima foi de festa, animada por uma bateria da escola de samba do Distrito Federal.
Em São Paulo, a avenida Paulista, local onde foram realizadas as maiores manifestações pró-impeachment, carros de som exibiam a votação ao vivo. A música mais tocada provocando risadas e aplausos dos manifestantes, foi uma versão de "Bye, bye, tristeza", canção que ficou famosa com a cantora Sandra de Sá.
A versão dos ativistas faz referência ao grampo telefônico da conversa entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, divulgado com a autorização do juiz federal Sérgio Moro. Na conversa, o petista de despede da chefe de Estado com um "tchau, querida". A frase também está em cartazes e camisetas de manifestantes.