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Movimentos de rua cobram posição do PMDB em relação ao impeachment de Dilma

Carta poupa o peemedebista Eduardo Cunha, alvo de denúncias de recebimento de propina e de manter recursos em contas não declaradas na Suíça, por ele ter poder de decisão no processo

Por Igor Gadelha
Atualização:

Atualizado às 15h37 Brasília - Integrantes de movimentos de rua cobraram, nesta quarta-feira, 28, apoio do PMDB ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Durante ato no Salão Verde da Câmara dos Deputados, eles leram carta aberta à liderança do partido na Casa na qual pregam posicionamento favorável ao afastamento da petista. Em uma referência ao vice-presidente, Michel Temer (PMDB), os movimentos dizem no documento que o Brasil precisa de "um líder" que saiba dialogar com todos os segmentos da sociedade e que tenha "trânsito" no Congresso e "respeito" ao papel da oposição, mas organizadores do ato também esperam uma ação mais ativa do peemedebista pelo impeachment, o que ele nega que tenha feito ou que pretenda fazer.

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"O País está à deriva, com poucas chances de recuperar a governança, a credibilidade e o equilíbrio econômico enquanto o PT não for apeado do poder", critica o documento. "Não obstante, o PMDB ainda não se alinhou ao desejo da população, que não aceita ser comandada por uma presidente que se mostra omissa, protetora de corruptos e inepta para conferir credibilidade ao nosso país", afirma a carta, assinada por 42 dos 43 movimentos que apoiaram pedido de impeachment apresentado pela oposição na semana passada. 

No documento, os movimentos pedem que parlamentares do PMDB não sejam "omissos". "Honrem os seus mandatos e o passado do PMDB, sob pena de serem punidos com a execração pública: posicionem-se e apoiem o processo de impeachment já", cobram. De acordo com Carla Zambelli, líder do movimento "NasRuas", a carta será protocolada na Liderança do PMDB na Câmara, bem como nas presidências da Câmara e do Senado e na Vice-Presidência da República, todos ocupados atualmente por peemedebistas.

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, observa integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL), exibirem uma faixa em verde e amarelo com os dizeres Fora Dilma. Cunha pediu que a segurança da Câmara retirasse a faixa. Foto: Dida Sampaio/Estadão

Carla enfatizou que Temer "precisa se posicionar" sobre o impeachment. De acordo com ela, os movimentos veem o vice-presidente como a "nova liderança" capaz de restaurar a confiança das instituições públicas e da economia. "Hoje, o país precisa (...) de um líder que saiba dialogar com todos os segmentos da sociedade - e não somente com os 'movimentos sociais', que tenha trânsito no Congresso e respeito ao papel da oposição, que inspire confiança no front internacional e se disponha a gerir republicanamente a máquina pública", afirmam os movimentos na carta.

Cunha ovacionado. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), passou pelo protesto quando chegava à Casa e foi ovacionado pelos manifestantes. Questionada sobre o porquê de a manifestação contra Dilma poupar o peemdebista, um dos denunciados pelo Ministério Público na Operação Lava Jato, Carla alegou que, por ora, o afastamento da presidente da República é o "foco" dos movimentos. "A gente não tem braço para bater em todo mundo", alegou. "Se existe denúncia contra ele (Cunha) de recebimento de dinheiro da Petrobrás, é precedente o caso de corrupção da Presidência da República", justificou.

Presente ao ato, o vice-líder do PMDB na Câmara, Darcísio Perondi (RS), prometeu levar a carta ao líder do partido na Casa, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), que tem dado declarações públicas alinhadas ao governo e contra o impeachment. Segundo Perondi, dos 66 integrantes da bancada do PMDB na Câmara, "no mínimo" 25 são a favor do afastamento da presidente. "Nossa bancada (na Câmara) está quase dividida. Dos 66 membros, há no mínimo 25 deputados que já entenderam a necessidade de mudança", afirmou. Para ele, outros peemedebistas devem mudar de posicionamento aos poucos. O presidente da Câmara, por sua vez, tem utilizado os pedidos de impeachment para negociar tanto com oposição quanto com governo apoio contra sua cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. 

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