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Movimento PT pede ´destucanização´ do Banco Central

Tese quer que 2º mandato adote modelo ´descentralizador de riqueza´

Por Agencia Estado
Atualização:

A política econômica e a direção do Banco Central são os principais alvos da tese que o Movimento PT - uma das correntes internas do partido - vai levar para o encontro nacional em julho. Neste domingo, depois de uma reunião de dois dias em Brasília, o documento da tendência pede uma nova política econômica e cambial e, principalmente, a "destucanização" do Banco Central. "O Banco Central é hoje um ninho de tucanos. Precisamos ´destucanizar´ o BC", disse o secretário de Organização do PT, Romênio Pereira, um dos líderes da tendência. No documento, o Movimento PT afirma que a autonomia do Banco Central, uma das discussões recorrentes dentro do governo, é um dos "baluartes do neoliberalismo" e algo "absolutamente ideológico". "O Banco Central tem que se alinhar ao projeto do presidente da República. Hoje há contradição clara entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a linha do Henrique Meirelles (presidente do BC)", afirmou a deputada federal Maria do Rosário (RS), vice-presidente do PT. Segundo mandato "O grande desafio do segundo mandato é exatamente superar a política econômica do primeiro, adotando um novo modelo, desconcentrador de renda e riqueza", diz o texto, acrescentando que, para isso é preciso "uma meta de superávit primário mais condizente com uma política de investimento e desenvolvimento". O outro alvo do texto do Movimento PT é o Campo Majoritário, a tendência mais forte do partido e que, até hoje, foi o grupo com que o Movimento teve maior proximidade. Depois de dizer que o Campo "faliu e quase faliu o PT", os representantes do Movimento usaram a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy como exemplo da "voracidade" dos Majoritários por cargos no governo Lula. "Achamos que é um equívoco político o governo ser construído apenas com o campo majoritário", afirmou o deputado federal Geraldo Magela (DF). ´Gabinetismo´ O texto do Movimento PT afirma que o partido, hoje, adquiriu o hábito do "gabinetismo" e viu acontecer no governo federal o aparelhamento, o que serviu de apoio a "projetos pessoais e partidários". "Essa prática é a principal responsável pela grave crise política vivida por nosso Partido e nosso governo", diz o texto. "Não temos dúvida de que foram os métodos e a política usados pelo ex-Campo Majoritário que gerou a crise e quase fez sucumbir um projeto que foi construído por todos". O Movimento PT tem hoje 11 deputados mas nenhum cargo no governo. O maior expoente da tendência é o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), que evitou ser visto por muito tempo no encontro. Chegou cedo na manhã de domingo e saiu 15 minutos depois. Sobre as reclamações por espaço feitos por sua tendência, disse que não participou da discussão. "Não participei dessa discussão e como presidente da Câmara não me cabe entrar nessa discussão. Cada instância interna do PT faz sua avaliação, mas é evidente que a responsabilidade da composição do governo é do Presidente da República", afirmou.

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