Brasília - A decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de reforçar a segurança em dias de votação levou a Polícia Legislativa a vigiar o uso de gravata entre os homens que circulam pelo Salão Verde. A ausência do acessório é proibida pelo regimento da Casa, mas a regra não era seguida à risca. Geralmente, as gravatas só são exigidas para acessar o plenário.
A reportagem do Broadcast Político viu dois homens serem advertidos pela ausência do acessório nesta quarta-feira, quando a Medida Provisória 665 é apreciada e o fluxo de pessoas na Câmara está alto.
Mas o que tem sido imposto pela Polícia Legislativa como restrição está sendo usado como estímulo por uma marca italiana de ternos e acessórios masculinos. A reportagem flagrou o momento em que duas promotoras abordavam deputados para anunciar a abertura de uma loja da marca Bagnoli Sartoria Napoli na cidade. A divulgação inclui a distribuição de panfletos produzidos especialmente para os deputados, no qual se lê que na compra de um terno por parlamentar há um desconto de 30% e, como brinde, uma gravata Cabrese. No panfleto da loja em instalação em um dos hotéis mais caros e requintados de Brasília, próximo ao Palácio do Alvorada, consta ainda que os deputados podem contar com "consultoria personalizada, dicas de imagem e estilo". Apesar do material dirigido para parlamentares, as promotoras disseram que não estavam na Câmara para prospectar clientes, o que não é permitido pelas regras da Casa. "Eu vim visitar dois amigos deputados", disse uma delas.