Movimentação gera atritos com partidos governistas

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Por Marcelo de Moraes e Brasília
Atualização:

Se os governistas acham que a ministra Dilma Roussef se fortaleceu depois do caso do dossiê, entre os partidos aliados a sua movimentação política tem causado desconforto. Primeiro, ela bateu de frente com o PMDB, rechaçando por longo tempo as indicações do partido para o Ministério de Minas e Energia, assumido pelo senador Édison Lobão (PMDB-MA). Em seguida, Dilma entrou em choque - na última semana - com aliados do PC do B, atrapalhando as articulações do partido em Porto Alegre em favor da candidatura da deputada Manuela D?Ávila (RS) à prefeitura da cidade. A ministra tem interesse particular na política gaúcha, já que foi nesse Estado que fez carreira, primeiro no PDT e depois no PT. Dilma operou diretamente junto ao vice-presidente José Alencar para fazer com que o partido dele, o PRB, decidisse apoiar a candidata petista na cidade, a deputada federal Maria do Rosário, em vez de Manuela. Fez a mesma coisa, depois, para demover o PR, atraindo o partido para o lado de Maria do Rosário. Como o PC do B considera que Manuela é uma de suas candidatas com maiores possibilidades de vitória nas eleições municipais, a movimentação de Dilma acabou provocando grande aborrecimento no partido. Na prática, a surpresa dos dirigentes do PC do B é maior ainda por causa da situação política que antecedeu as articulações feitas por Dilma. Na disputa interna do PT gaúcho para definir seu candidato, a ministra fez campanha pedindo apoio para o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário Miguel Rossetto contra Maria do Rosário. Com Rossetto derrotado nessa disputa, o PC do B não esperava que Dilma decidisse se empenhar tão intensamente a favor de um nome que ela própria não apoiava inicialmente. A surpresa foi ainda maior porque há no Estado uma tradicional parceria entre PT e PC do B. Desde 2000 os dois partidos se coligaram nas eleições para o governo do Estado e prefeitura de Porto Alegre. Por conta desse relacionamento especial, o PC do B esperava que a ministra, uma vez derrotada na sua defesa da candidatura de Rossetto, ficasse à margem do processo eleitoral da capital gaúcha, facilitando a tarefa de Manuela.

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