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Mourão: ‘Fora da democracia liberal, não há futuro’

Em evento com empresários em São Paulo, vice-presidente falou ainda sobre mudanças climáticas, relações internacionais e reforma política

Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Paulo Beraldo e Francisco Carlos de Assis (Broadcast)
Atualização:

A uma plateia de 400 empresários em São Paulo, o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, afirmou nesta terça-feira, 16, que “fora da democracia liberal não há futuro”.  Segundo ele, “não há soluções rápidas” para lidar com ameaças globais como crime organizado, terrorismo, migrações e até colapso de sistemas financeiros.

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“Todos querem soluções rápidas. Senhoras e senhores, fora da democracia liberal não há futuro. Vamos lembrar que a democracia, na Primeira Guerra Mundial venceu o imperialismo, (na Segunda) venceu o nazi-fascismo, e venceu o pior flagelo que enfrentamos no século passado: o comunismo internacional. Fé na democracia liberal. É por meio dela que vamos achar a solução que precisamos”, disse Mourão.

O vice-presidente também criticou a Organização das Nações Unidas em seu discurso. “A ONU hoje com o Conselho de Segurança que ainda representa a ordem que terminou daquele conflito (Segunda Guerra Mundial) se tornou anacrônica, não resolve o que está acontecendo no mundo”, afirmou.

Em sua fala, o vice-presidente voltou a dizer que existem no planeta mudanças climáticas em andamento, discurso que contraria alguns círculos próximos ao governo. “O clima mudou. Não temos a mínima duvida disso aí. Não sabemos se essa mudança é uma mudança que veio para ficar ou se pode ser algo transitório. Mas não podemos deixar de reconhecer que houve essa mudança do clima.”

Em relatório divulgado na segunda-feira, a Organização das Nações Unidas (ONU) identificou três causas para o aumento da insegurança alimentar no planeta, que atinge hoje 820 milhões de pessoas. Além dos conflitos e da economia em desaceleração, a ONU cita as mudanças climáticas.

O vice-presidente Hamilton Mourão Foto: Instituto Brasil 200/Divulgação

Elogios a Jair Bolsonaro

Mourão elogiou o presidente Jair Bolsonaro em diversos momentos de sua palestra de quase uma hora. Também defendeu transformar o Brasil na “maior, mais vibrante e mais próspera democracia liberal do Hemisfério Sul”. Mostrando mapas, disse que o Brasil deve ser a grande civilização ao Sul do Equador.

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O vice-presidente também defendeu uma relação pragmática nas relações internacionais. Nos últimos dias, o presidente tem sido criticado pela intenção de nomear para a Embaixada em Washington um de seus filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). A ideia foi criticada inclusive por antigos ocupantes do cargo, como os ex-embaixadores Rubens Ricupero e Marcílio Marques Moreira.

“Em relações internacionais, as amizades são entre Estados e não entre governos. Os interesses dos Estados ora coincidem, ora não. Temos que ter visão pragmática na parte de relações internacionais”, disse ele, sem falar especificamente sobre o caso.

Mourão ainda criticou a gestão econômica do País nos últimos 15 anos. Segundo ele, foi “desastrosa” e o trio de “incompetência, má gestão e corrupção” andou de mãos dadas em Brasília.

Reforma política

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Defendendo uma reforma política, Mourão disse que é muito difícil fazer política com 26 partidos representados na Câmara dos Deputados. "Só dois partidos têm mais de 50 deputados, o PSL e o PT. Tem uns sete ali na faixa dos 25 aos 34. E aí cai para partidos com dez, oito, sete, um deputado. Então, é isso nossa crise política", disse, afirmando que algum tipo de reforma política terá de ser feita.

Ele defende a redução do número de partidos para cinco ou seis que "realmente representem o pensamento da sociedade brasileira".

Depois do evento, defendeu novamente a reforma política em entrevista à Empresa Brasil de Comunicação (EBC). "É mais necessário do que nunca que o partido político realmente seja o transmissor das ideias da sociedade. A sociedade hoje na maioria das vezes não se vê representada", disse.

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O vice afirmou ser "francamente favorável" ao voto distrital para aproximar o eleitor do seu eleito. Segundo ele, isso também faria os partidos se fortalecerem e aumentaria a identificação entre representante e representado.

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