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Motel reserva quartos para Rio+20, mas resguarda o Dia dos Namorados

Mudança de perfil de motéis do Rio de Janeiro os transformou em alternativas para a falta de leitos para delegações da conferência ambiental.

Por Júlia Dias Carneiro
Atualização:

Para receber hóspedes da Rio+20, o empresário Secundino Lema terá que interromper o serviço rotativo em seus três motéis durante toda a conferência, em junho. Mas pediu para ser poupado ao menos no Dia dos Namorados. É o dia de maior movimento no ano, justifica. "Todos os quartos lotam. É igual a churrascaria em dia de domingo", compara o espanhol de La Coruña, no noroeste do país. Seguindo a tendência de outros motéis do Rio, os estabelecimentos de Secundino estão começando a atender também ao segmento corporativo, trabalhando com diárias completas em vez do sistema rotativo, que permite períodos de quatro a doze horas de permanência. De acordo com Antonio Cerqueira, do Sindicato de Bares, Hotéis e Restaurantes do Rio de Janeiro (Sindhrio), os motéis que estão passando por essa mudança de perfil estão sendo procurados pela agência oficial encarregada das reservas para as delegações internacionais que vêm para a Rio+20, a Terramar. O evento, que acontecerá entre os dias 13 e 22 de junho, deve trazer cerca de 50 mil pessoas para o Rio. As vagas insuficientes na hotelaria da cidade - que tem 33 mil leitos, incluindo na conta albergues, flats e motéis repaginados - está fazendo com que alternativas sejam consideradas. Exclusividade para Rio+20 Secundino foi contactado pela agência e se comprometeu a reservar as vagas de seus três motéis - Skorpios, Hawaii e Serramar, na chamada Rua dos Motéis, na Barra - pelos dez dias da conferência (a partir do dia 13, para não prejudicar o Dia dos Namorados). Ele já recebe alguns executivos, mas costuma operar com um sistema misto, conciliando os dois modelos de hospedagem. Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, entretanto, a exigência é que o motel funcione apenas como hotel. "Coloquei os quartos à disposição e agora estamos aguardando o contrato. Se for assinado, eles terão exclusividade e não poderemos ter rotativo no período", diz. No rotativo, Secundino recebe cerca de dois mil clientes nos três hotéis por semana, mas na Rio+20 o número será mais restrito, já que eles somam 170 quartos. As diárias serão de R$ 300. Ele diz que está tentando colaborar com a cidade. "Não poder receber os nossos clientes é um pouco constrangedor, mas espero que a clientela entenda a necessidade de acomodar as pessoas de fora." Decoração 'clean' De acordo com Antonio Cerqueira, vice-presidente da Sindhrio, a mudança de perfil de motéis no Rio começou há cerca de dois anos, motivada pelos megaeventos que o Rio vai sediar até 2016 e por uma queda no movimento em motéis. "O mercado moteleiro tinha crescido muito nas últimas décadas, mas agora o mercado que está em crescimento é o corporativo. Acho que o segmento (moteleiro) vai se adequar cada vez mais até a Olimpíada", afirma ele, dono de dois motéis em São Conrado, o Sinless e o Shalimar. O primeiro também teve o bloqueio de reservas solicitado pela agência da Rio+20. Hoje, cerca de três mil leitos em motéis já foram repaginados para atender a executivos, diz Cerqueira. A principal mudança, afirma, é na decoração. Tapetes de veludo e camurça nas paredes são removidos e mais luzes são acrescentadas. Mas características tradicionais, como banheiras de hidromassagem, espelhos no teto e garagens privativas, são mantidos. "A decoração fica clean, bem suave. Isso agrada a todos. Quem quiser ter um encontro amoroso vai ficar satisfeito e quem vier se hospedar também", diz. "Na prática, a gente vê que os executivos gostam muito disso. À noite, podem ter acesso a equipamentos como uma hidro privativa ou uma piscina de onde pode assistir ao jornal", ressalta. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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