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Mortes por tabaco podem chegar a 10 mi em 2020

Por Agencia Estado
Atualização:

O tabaco, isoladamente, é a maior causa de mortes na humanidade. A afirmação parte da médica brasileira Vera Luiza da Costa e Silva, gerente de projetos da Iniciativa por um Mundo Sem Tabaco, programa da Organização Mundial da Saúde (OMS). Projeções indicam que o número mundial de óbitos causados por doenças relacionadas ao fumo saltará de 4,2 milhões, em 2000, para 10 milhões em 2020. Se nada for feito, o século 21 verá um bilhão de pessoas morrerem por causa do tabaco, 150 milhões nas duas primeiras décadas. Desse total, 70% das mortes acontecerá nos países em desenvolvimento. "O marketing e a propaganda do tabaco estão sendo vigorosamente, violentamente voltados para os países em desenvolvimento", afirmou Vera. Para ela, o problema deve ser encarado como "qualquer outra doença infecciosa". "O tabagismo é uma doença transmissível, não por um vetor, como o mosquito, mas pelos baixos preços, a ampla distribuição, a falta de informação e o marketing enganoso", diz. Ex-chefe da Divisão de Prevenção ao Tabagismo do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Vera está no Rio para o 1º Seminário Latino-americano sobre a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco. O encontro começou hoje e reúne especialistas até o dia 8. Dele resultarão propostas que serão levadas a Genebra em novembro, quando os 191 países membros da OMS se reúnem para nova rodada de negociações em torno de um tratado internacional pioneiro na área de saúde pública, cujo texto final deve estar pronto em 2003. O objetivo da Convenção-Quadro, explica a médica, é "controlar, da forma mais rigorosa possível, o consumo de tabaco". Para isso, a proibição de todo tipo de propaganda, o aumento do preço do cigarro, o fim do contrabando (que barateia o custo) e a educação da população contra os malefícios da droga são fundamentais. Estudo do Banco Mundial e da OMS mostra que medidas como essas são eficazes na redução do consumo de tabaco. Mas a briga é dura. Segundo a OMS, as cinco líderes mundiais do setor tabaquista gastaram, em 1999, US$ 8,4 bilhões em promoções e publicidade. Mais de US$ 22 milhões por dia. Na sexta-feira, em novo round da disputa, a OMS emitiu mensagem a todos os seus países membros alertando para o que Vera considera um "engodo", cujo objetivo seria enfraquecer a Conferência-Quadro: a adoção voluntária, por parte da indústria, de um código internacional. "Esse Novo Código Internacional de Regulamentação da Publicidade de Cigarro não é novo. É, na verdade, o lobo na pele de cordeiro", ataca ela. Nesse contexto, o Brasil é visto como um dos países mais progressistas no combate ao fumo. Mesmo sendo o maior exportador mundial do produto, o País foi eleito para a presidência do Órgão de Negociações Intergovernamentais da Assembléia Mundial de Saúde, cargo ocupado pelo embaixador Celso Amorim. "Além da proibição da propaganda, o Brasil foi o primeiro a proibir o uso de expressões como light nos maços. A partir de fevereiro, estaremos ao lado do Canadá como os mais avançados no que diz respeito aos alertas na embalagem", lembrou Vera. De fevereiro em diante, os maços de cigarros trarão fotos ilustrando os males causados pelo fumo.

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