
02 de novembro de 2019 | 12h25
Este texto faz parte do projeto EstadãoRepública130
A morte do senador Vieira da Silva reacende a questão religiosa depois que o bispo do Rio, Pedro Maria de Lacerda, recusa ao conselheiro do Império qualquer homenagem ou rito católico em razão de sua condição de maçom.
O episódio é mais um que será tratado pelos perfis do projeto EstadãoRepública130, que usa tuítes de personagens históricos para contar os 30 dias que antecederam a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889 (as publicações também podem ser acompanhadas pela hashtag #ER130.
A imprensa republicana se levanta contra o obscurantismo da política ultramontana da Igreja. Ela também celebra a chegada ao Rio do tenente-coronel João Nepomuceno de Medeiros Mallet, ex-diretor da Escola Militar de Fortaleza, cuja demissão foi apontada pela imprensa republicana como mais um agravo ao Exército feito pela monarquia e pelo gabinete de visconde de Ouro Preto, que nega a crise militar.
Deve chegar hoje ao Rio, a bordo do paquete nacional Alagoas, o coronel Medeiros Mallet. Saudamos com entusiasmo o honesto e digno militar brasileiro. #CriseMilitar #ER130 — Rui Barbosa (@ruibarbosaER) November 1, 2019
Nesta semana, o leitor viu que, apesar de derrotados nas urnas, os republicanos mantiveram a estratégia de fundar clubes e assim conseguir novos eleitores em províncias como São Paulo, Minas e Rio. O movimento preparava-se para se manter como um ator político importante em defesa do federalismo a despeito da avalanche de votos obtidos pelos partidos monárquicos.
O eleitorado republicano de Cajuru que elegeu a direção do club republicano daquela localidade deve acolher o grande orador Francisco Glicério no dia 24 de novembro, véspera das eleições provinciais. #PRP #ER130 — Campos Salles (@campossallesER) October 25, 2019
Ao mesmo tempo, seus jornais, como o Diário de Notícias, dirigido por Rui Barbosa, no Rio, voltava à carga na denúncia dos termos do acordo entre o gabinete liberal liderado pelo visconde de Ouro Preto e o Banco Nacional do Brasil que envolveria a renúncia à faculdade de emitir papel-moeda por parte do governo por um prazo de 60 anos. Já A Província de São Paulo publicara o editorial Ousado ou Leviano em que chamava o privilégio concedido ao banco de “escândalo”.
Hoje, em A Província: “Ousado ou leviano? Começa a reacção a se pronunciar no tocante ás operações financeiras do ministro da fazenda e chefe do gabinete 7 de Junho. O enthusiasmo vae arrefecendo á proporção que as cousas se aclaram.” #Escândalo #ER130 — Rangel Pestana (@rangelpestanaER) October 31, 2019
Ainda em A Provîncia: “A quasi certeza do monopolio da emissão concedida ao Banco Nacional está mudando a opinião que se formou tão precipitadamente para engrandecer os altos meritos do illustre financeiro, chamado a direção do paiz”. #ER130 — Rui Barbosa (@ruibarbosaER) October 31, 2019
“Infelizmente, é preciso dizer a verdade, estamos em um paiz de trapaças, onde os homens eminentes são desonestos, se assim se pode qualificar os que se colocam na embaraçosa posição do @visconde_ouroER, tido em conta de competente para gerir a pasta da fazenda!” #ER130 — Rangel Pestana (@rangelpestanaER) November 1, 2019
Endosso as palavras da Província sobre o privilégio do Banco Nacional sobre o resgate de papel moeda: “O visconde de Figueiredo , industrial, parece estar destinado a annullar o @visconde_ouroER, financeiro. #ER130 — Campos Salles (@campossallesER) November 1, 2019
O banqueiro força o ministro a segundo desastre que lhe compromete a probidade scientifica, os créditos de estadista e a honra de chefe de partido. A honestidade do homem particular pode ficar a salvo dos ataques de adversários, mas o valor moral do politico há de descer. #ER130 — Campos Salles (@campossallesER) November 1, 2019
Não se deve temer o monopólio de um banco com capital de cem mil contos, nada impede outros bancos se estabeleçam em iguais condições ou maiores recursos. A Câmara deve tratar esse tema. #ResposabilidadeEDecisão — Visconde de Ouro Preto (@visconde_ouroER) November 1, 2019
‘Escândalo das emissões’; fake news. #JuntosPeloBrasil #ER130 pic.twitter.com/D25K0yAiud — Visconde de Ouro Preto (@visconde_ouroER) October 30, 2019
Outro ponto de atrito entre o governo e a oposição ao governo era a crise dos flagelados do Nordeste, que provocou novas acusações de malversação de fundos públicos feitas pelos republicanos. O número de atingidos pela seca teria sido inflado por funcionários do governo para que fosse possível desviar recursos. O gabinete Ouro Preto rechaçou as acusações.
@visconde_ouroER faz vista grossa aos abusos do sistema a fim de angariar apoio político. Cabe ressaltar, porém, que o dinheiro adiantado aos fazendeiros pelo ministro foi da ordem de 26 mil contos de réis em apenas 5 meses. #IlhaDoDiaboÉPouco #ER130 — Quintino Bocayuva (@quintino_bocaER) October 30, 2019
À crise moral, somava-se novos episódios nas Forças Armadas explorados pela oposição que opunha à honra dos militares as atitudes do governo em casos de afastamento de oficiais de seus postos. O jornal Cidade do Rio, dirigido por José do Patrocínio, somou-se às vozes críticas à condução dos ministros do gabinete liberal dos assuntos militares.
1/2 Divido em 2 tuítes a conclusão genial de A Cidade: “Em vez de procurar venerar no soldado a própria honra nacional armada, o governo emprega todos os meios para deprimir a nobre profissão de defensor vigilante da Pátria, a missão de soldado... #ER130 — José do Patrocínio (@ze_patrocinioER) October 28, 2019
1/2 Divido em 2 tuítes a conclusão genial de A Cidade: “Em vez de procurar venerar no soldado a própria honra nacional armada, o governo emprega todos os meios para deprimir a nobre profissão de defensor vigilante da Pátria, a missão de soldado... #ER130 — José do Patrocínio (@ze_patrocinioER) October 28, 2019
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