O aumento na expectativa de vida do brasileiro, segundo o IBGE, é, em parte, reflexo da melhoria dos índices de mortalidade, principalmente infantil e infanto-juvenil. De 1980 até o ano passado, houve uma redução de 59% no número de mortes entre bebês de zero a um ano de idade. ?A queda na mortalidade é resultado das melhorias nas condições sociais e sanitárias. Fruto de programas que têm um custo relativamente baixo e que trazem um resultado excepcional?, explicou o gerente do Projeto de Dinâmica Demográfica do IBGE, Fernando Albuquerque. No ano passado, foram registrados 28,4 óbitos infantis para cada mil nascidos vivos. Apesar dos avanços, o Brasil ocupa a centésima posição no ranking da Organização das Nações Unidas (ONU), atrás de países como Cuba (7,3), Uruguai (13,1) e Colômbia (25,6). Fundamental para a redução da mortalidade infantil é a realização de programas de assistência perinatal e neonatal. Chefe do setor de Neonatologia do Instituto Fernandes Figueira (IFF), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Ritta Braz ressalta que as doenças perinatais representam cerca de 50% dos casos de mortalidade infantil. ?Com o pré-natal adequado, podemos fazer o diagnóstico de doenças como a hipertensão, reduzindo os riscos para o bebê?, explicou a médica. Segundo dados do IBGE relativos a 2000, apenas metade das grávidas brasileiros fazem o pré-natal completo. ?Para diminuir mais as taxas de mortalidade, é preciso investir na assistência à mãe e ao bebê?, observou Braz. Se não tivesse comparecido ao mínimo de seis consultas médicas recomendadas pelo Ministério da Saúde, a secretária Márcia Leite Alves de Souza, de 37 anos, acha que teria perdido o seu filho, João Marcos, que nasceu com sete meses. O bebê está na UTI neonatal do IFF, mas está se recuperando muito bem e deve ter alta em duas semanas. ?Na minha primeira gestação, tive um problema na placenta e perdi o bebê. Agora, fiz todo o pré-natal aqui no Fernandes Figueira e tão logo detectaram o problema, fizemos o parto e meu filho pode ser salvo?, contou ontem a secretária. Também foi graças ao acompanhamento médico regular que a auxiliar de produção Rosilane dos Santos Silva, de 24 anos, conseguiu que a primeira filha não entrasse nas estatísticas da mortalidade infantil. Maria Clara nasceu aos setes meses por causa de um descolamento de placenta causada por hipertensão.