Morre o jornalista Tales Alvarenga

Diretor editorial das revistas Veja e Exame, da editora Abril, ele comandou a revista semanal durante 34 anos

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Por Agencia Estado
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Morreu nesta Sexta-feira, no Hospital Israelita Albert Einstein, em são Paulo o jornalista mineiro Tales Tarcísio de Alvarenga, desde 2004 diretor editorial de Veja e Exame, revistas da editora Abril. Ex-diretor de Redação de Veja, Alvarenga trabalhou na revista durante 34 anos e mantinha uma coluna semanal na publicação desde abril de 2004. Formado em direito, Alvarenga também estudou filosofia. Em rara entrevista ao órgão interno dos funcionários da Abril, em maio de 2004, contou que gostava mais de literatura, filosofia e astronomia do que de jornais. ?Cá entre nós, empilhamento de fatos como fazem muitos jornalistas é das coisas mais sem graça que podem aborrecer nossas manhãs. Gosto muito mais de livro do que de jornal e revista. No dia em que deixar de ser jornalista, vou ler só as manchetes dos jornais?, dizia. ?Mas me apaixonei pelo jornalismo quando comecei a trabalhar com ele. Especialmente pelo fato de poder conversar com gente de todos os tipos, do banqueiro ao artista.? Iniciou sua carreira jornalística em Belo Horizonte, como repórter do jornal Estado de Minas, em 1968. Em seguida, trabalhou durante quatro anos no Jornal da Tarde, do grupo Estado Ingressou na redação de Veja como editor assistente das seções de educação e ciência, em 1976. Depois de 28 anos na redação da revista, onde trabalhou em todas as editorias, Alvarenga assumiu a direção da publicação em janeiro de 1998. Mineiro de Sivianópolis, Alvarenga completaria 62 anos de idade em 2 de junho. Tinha 3 filhos. Profissionalmente, o momento mais grave da vida de Alvarenga, segundo ele, foi a noite em que Pedro Collor foi à redação de Veja e contou que o irmão, o presidente Fernando Collor, era sócio de PC Farias. ?Reclamam por aí que o jornalista gosta de má notícia. A verdade é que ele está tentando enxergar a coisa pelo lado de dentro antes das outras pessoas.? ?Era um jornalista brilhante, de grande intuição para tomar decisões?, lembra Carlos Maranhão, diretor de redação da Veja São Paulo. ?Ele podia ser, às vezes, difícil no trato, mas era muito generoso. Gostava da vida, de um bom vinho, de comer bem.? E lembra de uma paixão recente: o barco que Thales comprou no ano passado. O ex-ministro da Fazenda e atual sócio da Tendências Consultoria Integrada, Mailson da Nóbrega, disse estar chocado com a morte do jornalista. "Acho que o jornalismo brasileiro perde uma de suas grandes figuras?, disse Mailson. "O Thales deixou uma marca na Veja, como diretor de redação, por sua liderança, sua cultura e sua capacidade de estimular o jornalismo investigativo de qualidade. Pelas mãos dele passaram algumas das maiores reportagens da mídia brasileira. É uma pena que a fatalidade tenha levado uma pessoa ainda jovem no seu vigor, com uma capacidade enorme de continuar produzindo, e tenha nos deixado tão cedo."

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