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Morre Nicolau Tuma, a voz da Revolução Constitucionalista

Locutor leu a declaração inicial no dia 9 de julho de 1932

Por Agencia Estado
Atualização:

Nicolau Tuma, o locutor que leu a declaração inicial da Revolução Constitucionalista no dia 9 de julho de 1932, ao microfone da PRB-9, a Rádio Record de São Paulo, morreu sábado, aos 95 anos. Ele foi velado na Assembléia Legislativa e sepultado no Cemitério São Paulo. Tuma foi deputado federal por três legislaturas e ministro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. Foi pioneiro no futebol: fez a primeira transmissão de um jogo pelo rádio, em 1932. Tuma começou a atuar como jornalista antes mesmo de terminar o curso de Direito no Largo de São Francisco. Depois de trabalhar como repórter policial, venceu um concurso para locutor da Rádio Educadora Paulista em 1929, aos 18 anos. Apesar de jovem, sua voz era elogiada. Depois de comandar, no começo de 1932, a primeira transmissão de uma partida de futebol pelo rádio, transformou-se em uma das "vozes de São Paulo" na Revolução Constitucionalista. A Rádio Record de São Paulo tinha apenas um ano de fundação quando transmitiu, em primeira mão, o anúncio da Revolução Constitucionalista - a voz era de Nicolau Tuma, com apenas 21 anos. Nos "memoráveis 78 dias", como gostava de dizer, formou, com César Ladeira e Renato Macedo, o triunvirato de locutores que lia os boletins dos revolucionários paulistas no conflito e vencia a censura imposta em todo o País pelo governo Getúlio Vargas. Mais adiante, trabalhou nas Rádios Cultura e Difusora de São Paulo, apresentando programas. Sempre pioneiro, em 1934 Tuma narrou a primeira corrida internacional de automóveis nas ruas da Gávea, no Rio de Janeiro. Em 1939, depois de transmitir outra corrida internacional de automóveis, ainda na Gávea, foi à praia de Copacabana e foi reconhecido e abraçado por Carmen Miranda, já uma estrela consagrada do show business brasileiro. Ele criou a expressão "radialista", à época da fundação da Associação Brasileira de Rádio, no Rio. "Radialista é uma soma de `rádio´ com `idealista´, pois trabalhávamos muito e não ganhávamos nada", dizia ele, sorrindo, para definir um tempo em que o rádio era um meio de comunicação nascente e sem grandes recursos. Tuma ampliou sua atuação como publicitário na área de rádio e foi diretor das Rádios Tamoio e Cultura, do Rio de Janeiro. Durante a guerra, dirigiu a Rede de Emissoras Associadas, a maior cadeia de rádios do Brasil à época. Em 1945 participou da campanha civilista pela redemocratização do País e entrou definitivamente para a política. Foi eleito vereador em São Paulo pela UDN, sendo reeleito em 1951 e 1955. No governo Jânio Quadros foi diretor do Serviço de Trânsito de São Paulo. Em 1958, elegeu-se deputado federal pela primeira vez, o que se repetiria nas duas eleições seguintes. Na Câmara, chegou a vice-líder da UDN e destacou-se na elaboração do primeiro Código Nacional de Trânsito e do primeiro Código Brasileiro de Telecomunicações. Foi um dos criadores da Embratel e do Conselho Nacional de Telecomunicações, e um dos formuladores da nova telefonia brasileira e das ligações via DDD e DDI. Deixou a política em 1969, ao ser nomeado ministro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo pelo governador Roberto de Abreu Sodré. Foi casado em segundas núpcias com Lúcia de Barros Tuma.

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