Morre ex-governador de Mato Grosso Dante de Oliveira

O ex-deputado foi internado em Cuiabá, com infecção generalizada por causa de complicações pulmonares e diabete

Por Agencia Estado
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O ex-governador de Mato Grosso Dante de Oliveira, de 54 anos, morreu na noite desta quinta-feira, em Cuiabá, com infecção generalizada por causa de complicações pulmonares e diabete. Ele fora levado pela manhã ao Hospital Jardim Cuiabá, reclamando de fortes dores no peito. Foi diagnosticada uma pneumonia, mas durante o dia o quadro se complicou. Dante foi internado na UTI, mas não resistiu. No fim da tarde, boletim médico assinado pelos médicos Fabrícia de Assis e Addeon Salan já informava que o quadro era grave. ?O estado de saúde do paciente Dante Martins de Oliveira é grave, infecção generalizada e diabete descompensada?, dizia, acrescentando que estava ?plenamente sedado (coma induzido)? e com respiração artificial. Parentes e amigos estavam tentando transferir o ex-governador para um hospital de São Paulo. Em São Paulo, o candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, lamentou a morte. ?É um companheiro que deu nome a uma emenda que mobilizou o País inteiro. A ele, nossa homenagem muito carinhosa. Temos compromisso de reviver seu sonho.? O presidente nacional do PSDB, o senador Tasso Jereissati, (CE), divulgou nota, na noite desta quinta-feira, lamentando a morte do ex-governador. "Foi com profunda tristeza que recebemos a notícia do falecimento do nosso companheiro Dante de Oliveira", diz o texto. Para Jereissati, Dante foi "símbolo da luta pela democracia" no Brasil, e "levantou a bandeira da liberdade e da soberania da vontade popular." O PSDB, segundo o senador, considera "repentina e inestimável" a perda de Dante de Oliveira, e "louva o exemplo de honrado homem público, amigo leal e grande democrata." Campanha Candidato a deputado federal pelo PSDB, Dante ficou nacionalmente conhecido em 1983. Eleito para o primeiro mandato de deputado federal em 1982, Dante levou para o Congresso uma idéia fixa: apresentar um projeto fixando eleições diretas para presidente. Em menos de um ano, a emenda Dante de Oliveira virou um símbolo de luta pela redemocratização do País, a campanha das Diretas-Já. Ainda hoje, depois de ter sido por duas vezes prefeito de Cuiabá e governador de Mato Grosso, ele é mais lembrado pela emenda que levou seu nome. ?Não adianta, apesar de tudo o que fiz depois, essa foi a obra política de minha vida?, admitiu há dois anos, nas comemorações dos 20 anos da campanha das Diretas-Já. ?Mas não me queixo. Afinal, tudo o que consegui depois foi conseqüência daquela emenda.? A emenda, aliás, poderia chamar-se Sebastião de Oliveira, já que o texto foi redigido pelo pai de Dante, ex-deputado constituinte de 1946 pela UDN. Eram necessárias as assinaturas de 160 deputados e 23 senadores. ?Faltava um senador do Espírito Santo e fiquei, na véspera da abertura do Congresso, até de madrugada no aeroporto para conseguir seu apoio?, recorda Dante. No dia seguinte, 2 de março, Dante correu à tribuna no início dos trabalhos para apresentar sua emenda. A partir daí, o assunto cresceu no Congresso e na opinião pública e mudou, para sempre, a biografia do deputado do Mato Grosso. Diretas Já Tanto assim que Dante lançou o livro ?Diretas Já - 15 meses que abalaram a ditadura?, junto com o ex-deputado Domingos Leonelli, também membro do grupo que apoiou a emenda desde o início. No livro, Dante desfila histórias e homenagens a grande figuras do movimento, como Franco Montoro, Teotônio Vilela, Tancredo Neves, Luiz Inácio Lula da Silva e Leonel Brizola. Ninguém, no entanto, recebe tantos louros quando Ulysses Guimarães, o ?Senhor Diretas?. Segundo Dante, Ulysses soube esperar o momento certo de colocar a campanha na rua. ?Ele percebeu que o movimento ainda não tinha a união necessária. Só quando ele ganhou o partido inteiro ele deixou o movimento ganhar as ruas.? Apesar desse reconhecimento e de sua emenda, Dante ressaltava que as diretas não tiveram um dono. ?A população foi a grande referência do movimento e a verdadeira autora das diretas, porque derrubou uma ditadura sem um tiro, uma vitrine quebrada ou um carro incendiado?, anota o ex-deputado. ?Hoje podemos olhar para trás e dizer: valeu a pena lutar.?

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