08 de outubro de 2016 | 13h03
RIO - O juiz federal Sergio Moro afirmou na noite de sexta-feira, 7, que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de prender réus condenados por tribunal de segunda instância "resgata a efetividade da Justiça criminal". "Isso é extremamente importante em relação a esses crimes de corrupção. Muitas vezes criminosos poderosos conseguiam manipular o nosso generoso sistema de recursos para impedir efetiva responsabilização deles pela prática de crimes. É preciso que abandonemos o modelo de privilégios para que passemos para um modelo de responsabilidade em relação à criminalidade praticada por poderosos", afirmou Moro.
O magistrado fez o comentário ao defender "agenda de reformas" para o País. "Embora precisemos ter Justiça criminal eficiente, é preciso pensar além disso. É preciso reformamos nossas instituições, diminuindo incentivos e oportunidades para a corrupção, ter regras mais transparentes envolvendo contratos públicos e proibição de doações de campanha em algumas circunstâncias", afirmou.
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Além da prisão de réus condenados em segunda instância, Moro elogiou a proibição de doação de campanhas por empresas. "Alguns dizem que foi decisão radical, mas o quadro anterior em que empresas tinham contratos vultosos com o poder público e faziam doações generosas era um tanto propício para relações escusas", afirmou.
Para o juiz, a corrupção sistêmica é um entrave para o desenvolvimento do país. "Não há nenhum vexame em reconhecermos o problema. A vergonha existe é se não fizermos nada a esse respeito."
Moro foi homenageado pela Câmara Britânica de Comércio e Indústria. O juiz recebeu o prêmio de Personalidade do Ano em jantar para cerca de 150 pessoas, em um hotel na zona sul do Rioa. Os ingressos custaram entre R$ 400 e R$ 600. Moro foi aplaudido de pé duas vezes. Chegou a ser formada uma fila para que os convidados tirassem selfies com o juiz federal. O magistrado estava acompanhado da mulher, a advogada Rosângela Wolff de Quadros, e do filho caçula, Vinicius.
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