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'Todo dia criam uma fake news contra mim', diz Moro sobre doação de Youssef para Dias

Pré-candidato à Presidência pelo Podemos afirmou que 'ninguém sabia quem era o doleiro' na época das doações para campanhas eleitorais do aliado, em 1998

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Por Redação
Atualização:

O ex-juiz e pré-candidato à Presidência da República Sérgio Moro (Podemos) saiu em defesa de seu aliado, o senador Alvaro Dias (Podemos-PR), beneficiado por doação eleitoral do doleiro Alberto Youssef, investigado na Lava Jato. “Eu nem conhecia o senador. Ninguém sabia quem era Alberto Youssef na época (final dos anos 1990)”, disse. A declaração foi dada nesta quarta-feira, 29, durante entrevista à Rádio Capital FM, do Mato Grosso. 

Mais tarde, Moro foi às redes sociais para se defender de "fake news" associadas ao seu nome. "Agora, me acusam de ajudar o doleiro Youssef. A verdade é uma só: eu mandei prender Youssef. Não uma vez, mas duas", disse. Em 2015, o então juiz da Lava Jata condenou o doleiro a cinco anos de prisão por lavagem de R$1,16 milhão do mensalão.

A doação foi divulgada pela Folha de S. Paulo. Segundo o jornal, Youssef ajudou a financiar uma das campanhas eleitorais de Dias, em 1998, na época em que o senador estava no PSDB. A doação no valor de R$ 21 mil (o equivalente a R$ 88 mil em valores atualizados) foi feita por meio de duas empresas do doleiro, um dos principais operadores identificados na Lava Jato.

Moro se aproxima do União Brasil pelas conversas sobre candidatura única ao Planalto. Foto: Denis Ferreira Neto/Estadão - 2/12/2021

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O tema veio a tona em 2001 com o depoimento de ex-secretário da Fazenda de Maringá, Luiz Antônio Paolicchi, durante investigação sobre desvio de dinheiro da Prefeitura do município, episódio em que Youssef estava envolvido também. Segundo Paolicchi, a campanha do senador Alvaro ao Senado teria sido beneficiada com esse desvio.

Posteriormente, em 2015, Youssef admitiu em depoimento concedido à CPI da Petrobras que financiou parte de campanha de Dias com verba pública de Maringá. Dois anos depois, o doleiro foi condenado por envolvimento em desvios na prefeitura da cidade.

Procurado, o senador Alvaro Dias afirmou que o assunto é "velho" e que as denúncias de financiamento de campanha com dinheiro público foram arquivadas pelo Ministério Público do Paraná, em 2004, após a não confirmação dos fatos.

Operação Lava Jato

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Moro afirmou à rádio que essas informações estão aparecendo porque “não se tem o que falar” sobre o seu trabalho no combate à corrupção e na liderança da Operação Lava Jato, defendendo sua atuação durante as investigações. 

Quanto à relação com o doleiro, Moro resumiu: “eu prendi ele duas vezes e, se eu não tivesse feito isso, ele nunca teria respondido pelos seus crimes”.

'Sabotagem' no governo Bolsonaro

Também em entrevista à emissora de Mato Grosso, Moro voltou a citar o tempo em que chefiou o Ministério da Justiça no governo Bolsonaro. Ao comentar sobre seu desembarque do governo, o ex-juiz afirmou que sua saída esteve ligada a uma falta de apoio do presidente a seus compromissos de combate à corrupção, e até a sabotagem de seus trabalhos.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

"Logo após que eu havia entrado, eu não tive mais o apoio do presidente da República, e, a partir de determinado momento, eu passei a sofrer até sabotagem", disse. Moro também declarou que enquanto ele chefiava a Justiça, o presidente Jair Bolsonaro queria que ele fizesse "coisa errada". Ele não esclareceu qual seria a "sabotagem" sofrida ou quais seriam os pedidos do presidente.

"Quando chegou o momento que era me dada a escolha 'ou você fica como cúmplice de coisa errada [...] ou você sai', eu preferi sair", disse. O ex-juiz também voltou a dizer que o presidente deseja a proteção de seus filhos contra investigações.

"O próprio presidente reclamou esses dias dizendo que eu não protegia a família dele da Polícia Federal, da Receita Federal, o que é um absurdo. Ninguém tem que ser protegido de nada. Se alguém cometeu coisa errada, tem que ser investigado e a pessoa tem que ser responsabilizada", disse.

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De olho nas eleições, Moro tenta abrir o leque dos temas que considera importantes para o ano que vem. Contudo, a corrupção continua sendo o tema em que o pré-candidato vai colocar mais fichas. Ao criticar o atual governo, o ex-ministro afirmou que houve um “desmantelamento do combate à corrupção” no Brasil, e usou essa fala como gancho para criticar também o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial de 2022.

"O presidente Lula está aí solto porque houve enfraquecimento do combate à corrupção, e essa responsabilidade é do atual presidente Bolsonaro."

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