17 de dezembro de 2010 | 14h49
Lula disse que a manifestação até o deixava preocupado. "Se virar moda presidente de países presidirem a ONU, daqui a pouco os Estados Unidos estão disputando, além do Conselho de Segurança, o controle das Nações Unidas, e aí ficará tudo mais difícil."
Ele também descartou qualquer possibilidade de assumir cargo na União de Nações Sul-Americanas (Unasul). "Já me dou por contente por ter sido presidente do Brasil e acho que Deus foi muito generoso comigo, já me deu demais", ressaltou. "Agora, aos 65 anos de idade, eu não vou pendurar a chuteira ainda, porque sou um político, faço política 24 horas por dia, vou continuar fazendo política aonde for necessária a boa política."
A reunião, a última de âmbito internacional em que o presidente Lula participou em seu governo, foi recheada de emoção, com outros presidentes falando sobre a "admiração" que têm pelo chefe de Estado brasileiro. Além de lançá-lo candidato ao cargo de secretário-geral da ONU, Morales convocou os outros colegas para fazer campanha.
Morales enumerou as razões para a indicação: "Pela sua grande experiência, pela sua capacidade de persuadir as pessoas, de convencer os opositores, pela capacidade de integrar os povos, pela capacidade de convencer-nos, inclusive até de frear-nos, mas pelo bem de nossos povos", disse o boliviano.
Homenagens
Para o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, Lula foi um "grande estadista". "O companheiro Lula deu mostras de excepcionais laços de solidariedade e liderança em todo o tempo que esteve na condução política de seu país", disse. "Tenho certeza de que continuará atuando pelos ideais que o levaram a ser o homem que é hoje."
Emocionado, o presidente do Uruguai, José Mujica, agradeceu a Lula "por existir, pelo que você fez e pelo que ainda tem pela frente". "Basicamente sem título, será nosso embaixador plenipotenciário no conserto deste mundo", reforçou.
Na mesma linha de elogios estendeu-se o presidente do Chile, Sebastián Piñera. Ele lembrou que, há alguns anos, ao assistir à despedida de Pelé, no Maracanã, ouviu 200 mil torcedores gritarem: "Fica Pelé, fica." "Eu quero dizer ''Fica Lula, fica''."
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, foi a mais contida, preferindo dar as boas vindas à presidente eleita, Dilma Rousseff, que não compareceu a nenhuma das reuniões de cúpulas do Mercosul realizadas desde terça-feira. "Um até logo ao companheiro Lula e que Dilma seja bem-vinda, aguardamos com carinho, afeto e muito amor. Eu me sinto um pouco sozinha aqui", disse.
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