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Morales garante que reforma agrária não afetará brasileiros

Evo Morales garantiu que os produtores de soja não serão afetados pela medida

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente boliviano, Evo Morales, garantiu que a reforma agrária na Bolívia não afetará os fazendeiros brasileiros que possuem plantações de soja nesse país, afirmou neste sábado o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim. Segundo Amorim, Morales e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversaram neste sábado na cidade boliviana de Cochabamba sobre a situação dos agricultores de soja e dos trabalhadores rurais brasileiros que podem ser expulsos da Bolívia. "Lula expôs claramente nossa preocupação com as duas situações, e, no caso dos agricultores de soja, com a preservação das propriedades produtivas, e Morales concordou com esse ponto de vista", afirmou Amorim. "Nos garantiram novamente que os produtores de soja não serão afetados", acrescentou. Em relação aos trabalhadores rurais brasileiros que podem ser expulsos da Bolívia por ocupar terras a menos de 50 quilômetros da fronteira - o que é proibido -, Amorim disse que Lula pediu um tratamento humanitário. "O que queremos é que haja um tratamento, especialmente no caso de colonos pobres, que seja humanitário, civilizado e com cooperação", afirmou. "Os que não puderem ficar algum dia terão que voltar ao Brasil, mas isso tem que ser feito de forma organizada, inclusive porque há muitos bolivianos no Brasil que também desfrutam de nossa hospitalidade", disse Amorim. O chanceler disse que a Bolívia entendeu os argumentos brasileiros e que, por isso, não quis cumprir a decisão de expulsá-los antes de 6 de novembro, como estava previsto. Também disse que, após vários meses de desencontros entre os dois países por causa da decisão do governo boliviano de nacionalizar os hidrocarbonetos, as relações bilaterais se normalizaram e agora têm uma agenda positiva. Amorim acrescentou que o ministro das Relações Exteriores boliviano, David Choquehuanca, fará uma visita oficial ao Brasil em 18 de dezembro para discutir diferentes projetos, principalmente na área de cooperação. "Mas também combinamos que ministros (bolivianos) de várias pastas farão o mesmo, permitindo assim reuniões mais amplas e a preparação de um futuro encontro entre os presidentes", afirmou. Segundo Amorim, além do encontro que Lula e Morales podem ter em janeiro, quando acontecerá a Cúpula do Mercosul em Brasília, é possível que tenham uma reunião mais ampla em fevereiro. O chanceler disse que as divergências sobre as hidrelétricas que o Brasil planeja construir no rio Madeira, próximas à fronteira com a Bolívia, serão abordadas na visita de Choquehuanca em dezembro. As autoridades bolivianas temem que as hidrelétricas nesse rio da bacia amazônica afetem a navegabilidade e a pesca na parte boliviana do Madeira. Segundo Amorim, na reunião com Morales, "Lula disse novamente que o que o Brasil mais quer é realizar um projeto bilateral (no rio Madeira) que favoreça ambos os países".

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