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Moraes usa verba da Câmara para pagar a aliados

Por Ricardo Brandt
Atualização:

O deputado Sergio Moraes (PTB-RS) usou a verba parlamentar para pagar o aluguel de seu escritório político em Santa Cruz do Sul - que em outubro, novembro e dezembro do ano passado foi transformado em gabinete de transição da prefeita eleita da cidade, sua mulher Kelly Moraes (PTB). Moraes gasta todo mês R$ 2.500 pelo aluguel de uma sala numa ampla casa, onde funciona o escritório de seu advogado e ex-procurador da prefeitura Marco Borba. Um dos homens de confiança do parlamentar, ele foi procurador da prefeitura durante toda sua administração (1997-2000 e 2001-2004) e da gestão de sua mulher, além de doador das campanhas dos Moraes. Só há sete dias ele pediu exoneração para cuidar do processo de afastamento do parlamentar da relatoria do caso Edmar Moreira. No mês passado, as notas apresentadas pelo deputado mostram que ele gastou sua verba indenizatória também com outro aliado político. Outros R$ 2,5 mil da verba indenizatória a que o deputado tem direito foram utilizados para o pagamento do escritório Serco Serviços de Cobrança. O escritório pertence ao ex-vereador e atual secretário de Administração da prefeitura, Antônio Nascimento (PTB). O pagamento seria referente aos serviços de consultoria jurídica prestados - o que é vedado pelo estatuto da OAB, pois advogados quando ocupam cargos públicos não podem exercer a função. O parlamentar também gastou no mês passado R$ 5.460 com a locação de dois carros. Desde o ano passado ele paga pelo aluguel em uma pequena locadora identificada como Siga. A locadora funciona numa sala de pouco mais de 10 metros quadrados, de forma precária e anexa a um bar, na esquina da Rua Rui Barbosa com a Senador Pinheiro Machado. Levantamento na Receita Federal mostra que o nome empresarial do negócio é M Hoff. Seu dono é Nilton Hoff, ligado a Borba. O Estado esteve no local e, sem querer dar entrevistas, o dono confirmou apenas a locação de dois veículos sedã de marca não divulgada. Chamam atenção também os gastos com combustível - sempre no valor exato de R$ 4,5 mil, invariavelmente pagos à Abastecedora de Combustíveis TW, na esquina das Ruas Senador Pinheiro Machado e Carlos Trein. O posto pertence a Geferson Toloti, dono das empresas Cone Sul (que têm os serviços de coleta e varrição do lixo da cidade), Stabue, que faz o transporte público, além de uma construtora que presta serviços para a prefeitura. O Estado procurou Moraes por telefone, mas o parlamentar não respondeu às ligações.

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