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Montado há 9 anos, esquema teria arrecadado R$ 100 milhões

Para a PF, maior parte do dinheiro veio do desvio de verbas públicas e Azeredo foi o principal beneficiário

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Por Redação
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O mensalão mineiro, que aponta para o senador Eduardo Azeredo (PSDB) e para o ministro Walfrido Mares Guia (Relações Institucionais), foi montado há 9 anos, segundo investigação da Polícia Federal. O esquema de Minas foi descoberto durante a apuração sobre o mensalão do PT no Congresso, que levou para o banco dos réus 40 suspeitos - entre eles José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil do governo Lula, e o ex-presidente do partido José Genoino. Em dezembro de 2005, antes mesmo de a Procuradoria-Geral da República requerer abertura de processo penal contra os 40, a PF já havia aberto inquérito para esmiuçar o plano que agora classifica como embrião do mensalão petista. O inquérito da PF lista 36 envolvidos e aponta evidências da ação de um esquema de arrecadação ilegal de recursos para a campanha de 1998 do então governador de Minas, Eduardo Azeredo (PSDB), que buscava a reeleição - ele foi derrotado por Itamar Franco. O esquema de Minas teria arrecadado mais de de R$ 100 milhões de caixa 2. Perícia do Instituto Nacional de Criminalística (INC) indica que a maior parte do dinheiro teve origem em desvios de verbas públicas, principalmente de estatais. Pelo menos R$ 28,5 milhões podem ter sido desviados por meio de empréstimos de fachada realizados pelo empresário Marcos Valério, operador do mensalão petista. Valério teria simulado sete operações de crédito com os Bancos Rural, Cidade e de Crédito Nacional. A PF suspeita que prestadoras de serviços do Estado também contribuíram com o caixa 2 da campanha de Minas, por meio de doações clandestinas - não declaradas à Justiça Eleitoral. Azeredo é apontado pela PF como mentor e principal beneficiário do esquema. A CPI dos Correios identificou R$ 1,6 milhão em repasses via transferências bancárias ou depósitos em dinheiro para 82 políticos ou pessoas ligadas à campanha tucana naquele ano. CONTRAPARTIDA À CPI dos Correios, Valério admitiu que tomou dois empréstimos no Banco Rural em 1998, no total de R$ 11,3 milhões, a pedido do então tesoureiro da campanha de Azeredo, Claudio Mourão. A contrapartida, segundo suspeita a PF, veio na forma de contratos de publicidade com o governo de Minas. Estatais pagaram pelo menos R$ 3 milhões à SMPB, agência do empresário. Azeredo afirma que não houve esquema. "Nunca houve mensalão. A denúncia foi feita por um lobista falsário". Mares Guia anunciou, por intermédio da assessoria da Secretaria de Relações Institucionais, que vai mandar fazer uma auditoria em todos os seus negócios. "Não há nada na vida política e empresarial do ministro que não seja absolutamente lícito e transparente", acentua a nota da assessoria. LILIAN CARMONA e FAUSTO MACEDO

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