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Modelo que matou antiquário em NY é condenado

Por Agencia Estado
Atualização:

O modelo Márcio Fonseca Scherer foi condenado a 22 anos de prisão pelo assassinato do antiquário João Alberto de Azevedo Sabóia, ocorrido há três anos numa suíte do hotel Waldorf Astoria, em Nova York. Segundo a decisão da juíza Maria Elisa Lubanco Montenegro, da 20ª Vara Criminal do Rio, a pena, por latrocínio (roubo seguido de morte), deverá ser cumprida em regime fechado e Scherer não poderá recorrer em liberdade. Ele se apresentou nesta quarta-feira espontaneamente à polícia, em São Leopoldo (RS), onde mora, e foi preso. No fim da tarde, a 1ª Câmara Criminal decidiu que ele poderá recorrer solto. A juíza entendeu que o réu usou de "extrema violência, espancando a vítima até a morte e causando-lhe inúmeras lesões" e "deixou o local após ter se refeito dos vestígios do delito cuidadosamente, de tal forma que somente 24 horas depois o corpo foi encontrado". Além disso, o crime foi motivado "por interesse exclusivamente patrimonial" e "causou comoção social e grande repercussão", de acordo com Maria Elisa Lubanco Montenegro. Scherer, que, à época do crime, tinha 27 anos, foi acusado de matar Sabóia, de 56 anos, no dia 12 de março de 99, após roubar do quarto 2.716, que eles dividiam, pertences do antiquário - como relógios, jóias, US$ 30 mil, seu passaporte e a passagem aérea que Sabóia usaria para retornar ao Brasil. Por quase um ano, Scherer ficou preso no Rio (o processo correu na Justiça fluminense porque ele tinha residido no Estado antes de ir para Nova York). Ele conseguiu um habeas corpus em janeiro de 2000 e voltou para o Rio Grande do Sul. Segundo o advogado Paulo Gall, que acompanhou Scherer até o 1º Distrito Policial de São Leopoldo, ele sustenta que agiu em legítima defesa. Pela versão do modelo, os ferimentos que resultaram na morte de Sabóia foram provocados por uma briga entre os dois - eles teriam discutido porque Scherer lhe avisou que voltaria ao Brasil antes da data combinada entre eles. "Essa condenação foi injusta. Ele está em liberdade há dois anos e sempre cumpriu suas obrigações com a Justiça. Ainda vamos provar sua inocência", disse Gall. O advogado afirmou que Scherer nega que tenha roubado Sabóia. "Ele deixou o hotel com uma valise contendo apenas pertences pessoais." As câmeras do circuito interno de TV do hotel o flagraram entrando no quarto com Sabóia e saindo sozinho. Ele voltou para o Brasil na mesma noite do crime. Um dia depois, o corpo de Sabóia foi encontrado degolado e com o rosto mutilado. Os dois haviam viajado juntos para os Estados Unidos e teriam um relacionamento amoroso, mas Scherer diz que fora contratado como acompanhante. O crime teve grande repercussão em Nova York e levou o então prefeito, Rudolph Giuliani, a pressionar a polícia a solucioná-lo rapidamente, por acreditar que o assassinato de um turista dentro de um hotel luxuoso como o Waldorf Astoria comprometia a imagem da cidade.

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