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Modelo atual sem doação de empresa seria 'praticamente impossível', diz Cunha

Para o presidente da Câmara, sistema eleitoral em vigor inviabiliza adoção de financiamento exclusivamente público

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Por RICARDO DELLA COLETTA E NIVALDO SOUZA
Atualização:

Brasília - Um dia depois de ter manobrado para incluir na Constituição o financiamento de partidos por empresas, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou na manhã desta quinta-feira, 28, que um modelo político sem doações privadas seria "praticamente impossível". Defensor da permissão legal para que empresas doem para campanhas políticas, ele disse ainda que o financiamento político no Brasil "nunca foi nem nunca será privado". "Será público e privado", disse, argumentando que também são usadas dotações do Fundo Partidário. Cunha recebeu nesta manhã a presidente da Câmara dos Deputados da Itália, Laura Boldrini. Em recepção no salão nobre da Câmara, o peemedebista argumentou que o sistema eleitoral atual - proporcional, pelo qual um eleitor escolhe um candidato, mas acaba depositando um voto também na coligação - é incompatível com o financiamento exclusivamente público. "Se a escolha (da Câmara) tivesse sido pela lista partidária, talvez o financiamento público tivesse vencido. Fica mais fácil o financiamento (público) direcionado a partidos, já que não teria campanha para cada candidato, e sim para os partidos", declarou Cunha. Mas, pelo sistema proporcional, o uso apenas de verba pública é "praticamente impossível", disse o deputado. "Com tantas candidaturas atuais, o volume (de recursos) seria enorme. Até a própria distribuição (do dinheiro) geraria uma crise e seria difícil chegar a um consenso", concluiu o peemedebista.

Os deputados aprovaram na noite dessa quarta-feira, 27, em primeiro turno a permissão para que empresas doem a partidos políticos e apenas pessoas físicas doem a candidatos. O teto das doações precisa ser estabelecido por uma lei que ainda será elaborada. O texto ainda precisa ser apreciado no Senado.

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