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Missa do Dia do Trabalhador critica Alca e discriminação

Por Agencia Estado
Atualização:

As celebrações organizadas pelas pastorais operárias seguem todos os ritos de uma missa tradicional, mas apresentam um discurso mais contundente e ideológico. Na cerimônia prestigiada hoje pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os textos eram repletos de críticas ao modelo econômico e à discriminação social e racial. Sobrou até para o Acordo de Livre Comércio das Américas (Alca), considerado símbolo de um "império dominador". Em uma das preces, o texto dizia: "Que nós possamos juntamente com os nossos representantes analisar bem o projeto Alca que vem ameaçando nossa soberania. Senhor dai-nos força para não aceitar e ficar cada vez mais dependentes de um império dominador. Rezemos...." Em outros trechos, uma das locutoras recitava: "As mulheres brancas ganham 65% do que recebem os homens brancos, e as mulheres negras, a metade do que recebem as mulheres brancas." Adiante, outra locutora lembrava: "Por todos esses anos de escravidão, exploração e marginalização que a sociedade vem impondo aos negros, levando-os à negação de sua própria cultura, do seu próprio ser." A cada trecho, todos rezavam o refrão: "Perdão, Senhor, por não fazer nada para mudar esta situação." Até o celebrante d. Cláudio Hummes deu sua contribuição. "A miséria e a fome não podem esperar", afirmou durante o sermão. Em outros momentos, representantes da Pastoral da Juventude desfilavam com pernas-de-pau e inscrições alusivas às reformas sociais. No final, porém, a tietagem parece ter vencido qualquer fé ou ideologia. Mesmo aqueles que fizeram discursos exaltados correram com máquina na mão para tirar uma foto com o presidente. A tietagem também atrasou a celebração em várias ocasiões e fez com que a missa durasse mais de duas horas. Lula estava na primeira fila, mas parecia no altar.

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