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Ministros já buscam diálogo com Cunha

Mesmo antes do resultado da eleição na Câmara, Palácio do Planalto já se mobilizava para melhorar relação política com peemedebista

Foto do author Vera Rosa
Por Vera Rosa e João Domingos
Atualização:

Brasília - Preocupados com a iminente vitória do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presidência da Câmara dos Deputados, ministros do PT tentaram neste domingo, 1º, selar um “pacto de governabilidade” com o PMDB. Antes mesmo do resultado da eleição, que confirmou a eleição do peemedebista em primeiro turno com 267 votos, coordenadores da campanha de Arlindo Chinaglia (PT-SP) já admitiam a derrota e ministros entraram em campo para promover diálogo com o vencedor. 

A presidente Dilma Rousseff almoçou, no Palácio da Alvorada, com ministros da coordenação de governo e deu carta branca para a aproximação com Cunha, seu desafeto. O vice Michel Temer foi acionado para ajudar nesse movimento. O temor do Planalto e da cúpula do PT é com a inclusão de uma “pauta bomba” na Câmara, com projetos que aumentem as despesas do governo, em tempos de dificuldades na economia. 

Eleito presidente da Câmara dos Deputados,Eduardo Cunha (PMDB-RJ) Foto: Dida Sampaio/Estadão

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A derrota de Chinaglia e o inferno astral do PT começaram a ficar ainda mais evidentes para o governo depois que o PDT perdeu o prazo para registrar as assinaturas dos deputados do partido. Com isso, ficou fora do bloco liderado pelo PT para a disputa de cargos na Mesa Diretora da Câmara e prejudicou os petistas na divisão das principais comissões da Casa. 

Na avaliação do governo, a eleição deste domingo, 1º, foi marcada por um jogo de traições da base aliada, no rastro da Operação Lava Jato, que escancarou um esquema de corrupção na Petrobrás. Além disso, o PT não conseguiu “furar o bloqueio”do PMDB e a oposição acabou jogando votos em Cunha, abandonando a candidatura de Júlio Delgado (PSB-MG). 

Um ministro disse ao Estado que Dilma ficou particularmente decepcionada com o PDT, partido que ajudou a fundar. A atitude do PDT, que, pela falta de uma assinatura, jogou o PT para escanteio na Câmara, foi contabilizada na lista das traições. 

Avaliação. Os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Jaques Wagner (Defesa), Pepe Vargas (Relações Institucionais) e Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência) almoçaram neste domingo, 1º, com Dilma e, já aquela altura, avaliaram as consequências da provável derrota do governo na Câmara - a primeira do segundo mandato de Dilma. Vargas chegou a tomar posse como deputado apenas para votar em Chinaglia. 

"Não se pode, depois da eleição, jogar na instabilidade, para quebrar tudo, e amanhã ser sangue para todo o lado. Precisamos garantir a governabilidade”, disse ao 'Estado' o deputado José Guimarães (PT-CE), um dos coordenadores da campanha de Chinaglia. “Vamos apostar no diálogo.”

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Para o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), os parlamentares mostraram, nessa eleição, o descontentamento com Dilma. Agora, o governo quer virar a página e recompor sua base, dizendo que não vai cumprir as ameaças que foram feitas aos deputados, de que ia tirar cargos e emendas daqueles que não votassem em Arlindo, ironizou Vieira Lima. 

Na Câmara, um dos projetos que causam receio a Dilma é o do orçamento impositivo. A proposta obriga o governo a pagar emendas parlamentares individuais. Cunha avisou que a votação da proposta será prioridade.

Dilma telefonou no domingo, 1º, no fim da tarde para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), parabenizando-o pela vitória. Apesar da divisão do PMDB no Senado, o governo enquadrou a dividida bancada do PT e já apostava no triunfo do aliado. 

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