PUBLICIDADE

Ministros estão dispostos a mudar razão de empresas

PUBLICIDADE

Por Vannildo Mendes
Atualização:

Dos cinco ministros do governo Dilma Rousseff que, a exemplo do titular da Casa Civil, Antônio Palocci, têm empresas privadas ativas de consultoria, como revelou hoje o jornal O Estado de S. Paulo, quatro informaram que estão dispostos a mudar a razão social do negócio, se a Comissão de Ética do Palácio do Planalto assim determinar.Receosos quanto ao teor da situação, três deles admitem até fechar a empresa, caso a comissão enxergue conflito de interesse entre o negócio e a função pública que exercem. Chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), o ministro Moreira Franco informou que, na verdade, já desencadeou a desativação da sua empresa de consultoria em 2007, mas o processo estaria entravado na burocracia da Receita Federal."Aqui no Brasil é muito fácil abrir empresa, mas é difícil fechar", queixou-se Franco, em entrevista à rádio ESPN Estadão. Ele explicou que abriu a empresa em 1999, quando não exercia mandato, mas ela nunca funcionou. "Foi uma experiência sem sucesso", afirmou.Reportagem publicada na edição de hoje mostrou que cinco ministros, além de Palocci, estão à frente de empresas de consultoria. São eles: Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Comércio e Indústria), José Eduardo Cardozo (Justiça), Leônidas Cristino (Portos) e Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional), além de Franco. Nenhum deles foi alertado pela comissão, como Palocci, sobre o risco de haver conflito de interesse em jogo.Outro ladoDono de 50% da Martins Cardozo Consultores Ltda., com sede em Santos (SP), em sociedade com o pai, que é professor, o ministro da Justiça disse que criou a empresa na década de 1990 para dar palestras, cursos e conferências. Mas garantiu que ele ou o pai nunca fizeram consultoria de qualquer tipo. "Ao assumir o Ministério, a pedido da comissão, assinei declaração me comprometendo a não realizar cursos ou atividades na empresa vedadas pelo Código de Ética", afirmou Cardozo.Mesmo sem ter consultado o pai, que está convalescendo de um grave acidente vascular cerebral, num hospital em São Paulo, Cardozo disse que adotará qualquer medida recomendada pela comissão. "Eu cumpro na hora", garantiu o ministro, ressaltando que "não há qualquer traço de ilegalidade ou imoralidade" na atividade que ele e o pai exerceram na empresa.Sócio da Ejos Construções e Consultoria, de Fortaleza, o ministro da Secretaria Especial de Portos, Leônidas Cristino, informou, pela assessoria, que vai adotar qualquer orientação da Comissão de Ética, seja para mudar a razão social, ou mesmo fechá-la."Vou fechar a empresa ou tomar qualquer atitude mediante a determinação ou orientação da Comissão de Ética", disse, em nota. Explicou ainda que a empresa é de pequeno porte, com capital social de R$ 10 mil, constituída em 1999, e está desativada desde junho de 2002. "A partir de 2003, a empresa não exerce qualquer atividade operacional, não operacional, financeiro ou patrimonial", enfatizou.Titular de 99% da P21-Consultoria e Projetos Ltda., com sede em Belo Horizonte, junto com o Otílio Prado, o ministro Fernando Pimentel, um dos principais conselheiros de Dilma, informou que saiu em dezembro da administração da empresa. Segundo Pimentel, a empresa já sofreu alteração quando ele assumiu o cargo e "permanece ativa por decisão dos sócios, mas não presta serviço a nenhum cliente desde novembro de 2010".Único que fechou questão contra qualquer alteração, o ministro da Integração Nacional alegou que a sua Manoa Empreendimentos e Serviços Ltda é do ramo de engenharia e está desativada desde 2002, quando ele entrou na vida pública.Por meio de nota divulgada pela assessoria, Coelho informou que não tem intenção de fechar o negócio, uma vez que "até a presente data a firma não teve qualquer receita operacional". Também não vê motivo para mudar a razão social porque, segundo garantiu, desde a sua constituição, a empresa "atuou com o único fim participar do capital de outras empresas, mesmo que essas sociedades possuam diferentes objetos sociais".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.