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Ministros e senadores sabiam da existência da lista

Por Agencia Estado
Atualização:

O ex-presidente do Senado Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) contou para vários colegas que tinha a lista indicando como cada um havia votado no dia da cassação do ex-senador Luiz Estevão Oliveira (PMDB-DF). Em uma das conversas, conseguiu reunir o líder do PFL, Hugo Napoleão (PI), e Eduardo Siqueira Campos (PFL-TO). Entusiasmado, falou que a petista Heloísa Helena (SE) tinha votado contra a cassação do parlamentar de Brasília. Sem conter a emoção de saber a opinião secreta dos senadores, ele telefonou para alguns ministros tucanos, detalhando a informação. Já na conversa com o ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AM), ACM foi mais irônico afirmando que sabia que ele tinha seguido a posição de Heloísa Helena, votando contra a cassação de Luiz Estevão. Outros senadores ouviram o relato entusiasmado do ex-presidente de Senado, totalizando um grupo incalculável de pessoas que tiveram acesso à informação. "Vários colegas vieram me dizer que tinham ´ouvido falar´ no assunto, mas não posso dizer quem são porque estaria envolvendo gente que não se manifestou ainda", comentou o líder do PT no Senado, José Eduardo Dutra (SE), que resolveu revelar publicamente que havia sido procurado por ACM e Arruda. Dutra contou que ACM disse saber que Heloísa Helena havia votado contra a cassação de Luiz Estevão. "Achei, inicialmente, que era uma bravata, depois vi que não era", disse ele. Em seguida, foi a vez de Arruda insinuar que era possível saber o resultado das votações secretas, mas sem admitir ter conhecimento de qualquer resultado. Para o petista, ambos buscavam cúmplices ao divulgarem de uma forma ou de outra a informação. "Seja como for, para o PT, não há dúvidas sobre o voto da Heloísa Helena a favor da cassação pois ela foi vítima de uma ardilosa calúnia", afirmou. O senador Jefferson Péres (PDT-AM) se irritou com o fato de vários senadores "saberem" da existência da polêmica lista e ocupou a tribuna do plenário para falar sobre o assunto. "Eles (os senadores) pecaram por omissão", disse ele. "Eles foram cúmplices, mas não vou vestir a roupagem de um paladino da moral e sair por aí caçando pessoas, não é esse o melhor caminho, o ideal seria que revelassem o que ouviram e de quem ouviram", completou. O relator do Conselho de Ética do Senado, Saturnino Braga (PSB-RJ), lamentou o fato dos senadores que tiveram a informação sobre a lista continuarem no anonimato. "Poderiam surgir mais nomes, enquanto isso não ocorre, nada pode ser feito", afirmou ele. Na sua opinião, as investigações ganharam novo fôlego diante do depoimento "convincente, forte e claro" de Regina Borges, na quinta-feira. "Antes o rumo das investigações era um, pois faltavam provas, agora é outro diante do depoimento e do laudo da Unicamp", completou o relator.

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