Ministros divididos por dois

Mantega e Bernardo têm se desdobrado para atender ao presidente Lula e à futura chefe

Por Lu Aiko Otta
Atualização:

BRASÍLIA - Primeiro ministro a ser confirmado na equipe de governo que assume no próximo dia 1.º de janeiro, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem feito malabarismos para atender a dois chefes: o atual, Luiz Inácio Lula da Silva, e a futura, Dilma Rousseff.

 

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Ele tem conversado com a presidente eleita cerca de três vezes por dia. É visto com frequência no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde funciona o quartel-general da transição de governo. Já aconteceu de Mantega estar no meio de uma conversa com um e o outro chamar.

 

A atenção de Mantega com a futura presidente ficou evidente na sexta-feira passada, quando foi anunciado um pacote para conter o crédito. A assessoria de Dilma informou que o ministro havia telefonado para a presidente eleita para explicar as medidas. A retirada de R$ 61 bilhões da economia por meio do aumento dos depósitos compulsórios tem um efeito semelhante à alta de juros para combater a inflação.

 

Além de Mantega, outro que vem cumprindo dupla jornada é o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Ele e seu colega da Fazenda já se reuniram para atender a uma "encomenda" de Dilma: tentar equilibrar o Orçamento de 2011.

 

O projeto de lei com as previsões de receitas e gastos do ano que vem ainda está em exame no Congresso Nacional, onde sofrerá alterações. Mas já se sabe de antemão que as pressões por gastos são muito maiores do que a arrecadação de recursos para financiá-los.

 

É dado como certo que, ao receber o Orçamento de 2011 do Congresso, Dilma terá de promover um corte bilionário. De quanto, ainda não se sabe, pois as premissas ainda estão em negociação.

 

Comunicações

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Além de atender a dois chefes, Bernardo virou uma espécie de ministro duplo: trabalha para o Ministério do Planejamento e para o das Comunicações, pasta que ocupará a partir de dia 1º de janeiro.

 

Na terça-feira, por exemplo, ele recebeu representantes da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e TV (Abert) e o empresários do setor de telefonia. Questionado se já havia mudado de ministério, ele apenas riu.

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