Ministro promete reajuste de 12% a professores

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Por Agencia Estado
Atualização:

Enquanto os servidores públicos federais terão reajuste salarial de 3,5% no próximo ano, os 41 mil professores das universidades federais receberam promessa do ministro da Educação, Paulo Renato, de um aumento médio de 12%. O valor foi anunciado na quinta-feira pelo ministro durante coletiva para explicar as negociações com os professores, em greve há 54 dias. O reajuste foi calculado depois que líderes de todos os partidos garantiram remanejar R$ 400 milhões do Orçamento da União de 2002 para pagar os salários dos professores. Um salário 12% maior é resultado do reajuste de 30% na Gratificação de Estímulo à Docência (GED). Já para os servidores também em greve, desde 25 de julho, o governo propôs a incorporação total da Gratificação de Atividade Executiva (GAE) ao salário. O montante de R$ 750 milhões disponibilizados pelo ministério (já contabilizados os R$ 400 milhões prometidos pelos líderes partidários no Orçamento) é considerado insuficiente pelo Sindicato Nacional dos Docentes (Andes) e pela Federação de Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra). A quantia não atenderia, nos cálculos dos grevistas, incorporação de gratificações e o fim das disparidades salariais. Governo e professores e servidores brigam há quase sete anos e os estudantes pagam a conta. A queda de braço entre o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, e os sindicalistas das universidades federais equivale na prática à perda de um ano letivo. Fora os finais de semana e feriados, a soma das quatro greves ocorridas durante o atual governo chega a 200 dias sem aulas. Nas paralisações anteriores (1996, 1998 e 2000), governo fez várias ameaças de corte de ponto dos servidores e, ao final, não teve controle da reposição das atividades. Os professores ainda não receberam o salário de setembro. A decisão do governo de reter o pagamento, considerado legal pela Supremo Tribunal Federal (STF), acirrou os ânimos e levou o Andes a abandonar as negociações. m dos fundadores do Andes em 1980, o ministro Paulo Renato ressalta que participou de inúmeras paralisações, mas a atual é ?muito mais violenta?. O ex-presidente da Seção Sindical do Andes da Universidade de Campinas (Unicamp) diz que a culpa pelos dias parados não é dele. ?Não posso julgar, mas os responsáveis são os movimentos sindicais que desde o início não quiseram entender os limites (orçamentários) que nós tínhamos?, afirma o ministro. ?Nós poderíamos ter chegado a um entendimento muito antes.? Por sua vez, o presidente do Andes, Roberto Leher, responsabiliza o ministro pela extensão do movimento. ?Ele mantém uma postura intransigente e inflexível?, diz o sindicalista. ?Só 39 dias depois de iniciarmos a greve deste ano, o ministro aceitou nos receber.? O duelo expõe erros de ambos os lados na análise de quem vive a realidade universitária. Professora de Comunicação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ruth Reis afirma que o MEC errou ao suspender de forma indiscriminada o pagamento, pois parte do pessoal está em treinamento ou em licença médica, longe da greve. Já o comando da paralisação demonstrou falta de experiência para lidar com o endurecimento do governo, a ?grande novidade? deste ano. Ela cita o fato de os sindicalistas terem repudiado a decisão do MEC dw pagar apenas o salário dos 28 mil servidores dos hospitais universitários. ?O movimento sindical não gosta deste tipo de proposta, pois fraciona a greve, e então ele passa a assumir atitudes ?heróicas? do tipo ?não aceitamos receber dessa forma??, dispara. O pagamento dos técnicos dos HUs diminuiria, segundo a professora, a pressão em cima dos sindicatos. Ruth Reis aponta fragilidades do movimento. ?É uma greve que se desenrola na boca do palco, enquanto atrás das cortinas não há quase ninguém?, avalia. ?Aqui (na Ufes), pelo menos, a situação é diferente da de setores industriais. As lideranças, cerca de 100 pessoas, vão para as assembléias, definem a greve, e os outros desaparecem. Os alunos também desaparecem.? Enquanto os servidores públicos federais terão reajuste salarial de 3,5% no próximo ano, os 41 mil professores das universidades federais receberam promessa do ministro da Educação, Paulo Renato, de um aumento médio de 12%. O valor foi anunciado na quinta-feira pelo ministro durante coletiva para explicar as negociações com os professores, em greve há 54 dias. O reajuste foi calculado depois que líderes de todos os partidos garantiram remanejar R$ 400 milhões do Orçamento da União de 2002 para pagar os salários dos professores. Um salário 12% maior é resultado do reajuste de 30% na Gratificação de Estímulo à Docência (GED). Já para os servidores também em greve, desde 25 de julho, o governo propôs a incorporação total da Gratificação de Atividade Executiva (GAE) ao salário. O montante de R$ 750 milhões disponibilizados pelo ministério (já contabilizados os R$ 400 milhões prometidos pelos líderes partidários no Orçamento) é considerado insuficiente pelo Sindicato Nacional dos Docentes (Andes) e pela Federação de Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra). A quantia não atenderia, nos cálculos dos grevistas, incorporação de gratificações e o fim das disparidades salariais. Governo e professores e servidores brigam há quase sete anos e os estudantes pagam a conta. A queda de braço entre o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, e os sindicalistas das universidades federais equivale na prática à perda de um ano letivo. Fora os finais de semana e feriados, a soma das quatro greves ocorridas durante o atual governo chega a 200 dias sem aulas. Nas paralisações anteriores (1996, 1998 e 2000), governo fez várias ameaças de corte de ponto dos servidores e, ao final, não teve controle da reposição das atividades. Os professores ainda não receberam o salário de setembro. A decisão do governo de reter o pagamento, considerado legal pela Supremo Tribunal Federal (STF), acirrou os ânimos e levou o Andes a abandonar as negociações. m dos fundadores do Andes em 1980, o ministro Paulo Renato ressalta que participou de inúmeras paralisações, mas a atual é ?muito mais violenta?. O ex-presidente da Seção Sindical do Andes da Universidade de Campinas (Unicamp) diz que a culpa pelos dias parados não é dele. ?Não posso julgar, mas os responsáveis são os movimentos sindicais que desde o início não quiseram entender os limites (orçamentários) que nós tínhamos?, afirma o ministro. ?Nós poderíamos ter chegado a um entendimento muito antes.? Por sua vez, o presidente do Andes, Roberto Leher, responsabiliza o ministro pela extensão do movimento. ?Ele mantém uma postura intransigente e inflexível?, diz o sindicalista. ?Só 39 dias depois de iniciarmos a greve deste ano, o ministro aceitou nos receber.? O duelo expõe erros de ambos os lados na análise de quem vive a realidade universitária. Professora de Comunicação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ruth Reis afirma que o MEC errou ao suspender de forma indiscriminada o pagamento, pois parte do pessoal está em treinamento ou em licença médica, longe da greve. Já o comando da paralisação demonstrou falta de experiência para lidar com o endurecimento do governo, a ?grande novidade? deste ano. Ela cita o fato de os sindicalistas terem repudiado a decisão do MEC dw pagar apenas o salário dos 28 mil servidores dos hospitais universitários. ?O movimento sindical não gosta deste tipo de proposta, pois fraciona a greve, e então ele passa a assumir atitudes ?heróicas? do tipo ?não aceitamos receber dessa forma??, dispara. O pagamento dos técnicos dos HUs diminuiria, segundo a professora, a pressão em cima dos sindicatos. Ruth Reis aponta fragilidades do movimento. ?É uma greve que se desenrola na boca do palco, enquanto atrás das cortinas não há quase ninguém?, avalia. ?Aqui (na Ufes), pelo menos, a situação é diferente da de setores industriais. As lideranças, cerca de 100 pessoas, vão para as assembléias, definem a greve, e os outros desaparecem. Os alunos também desaparecem.?

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