O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, pediu ao diretor-geral da Polícia Federal (PF), Paulo Lacerda, que abra um inquérito especifico para investigar supostos crimes de tráfico de influência, corrupção ativa, exploração de prestígio e violação funcional no Judiciário. A abertura do inquérito foi requisitada no início da semana pelo vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Edson Vidigal. Vidigal tomou a iniciativa após a divulgação de reportagens sobre a operação da PF denominada Dilúvio, na qual apareceram o seu nome e do advogado Erick Vidigal, seu filho. Na investigação, a PF gravou conversas de pessoas ligadas ao bicheiro foragido João Arcanjo Ribeiro, o Comendador, nas quais são feitas referências a Erick Vidigal. O ministro Edson Vidigal quer que seja instaurado um inquérito em cada superintendência da PF. Mas, em ofício em que responde à solicitação, Márcio Thomaz Bastos disse que a abrangência da ação será definida de acordo com os indícios verificados nas investigações. A Polícia Federal já vem apurando o suposto envolvimento de integrantes do Judiciário com esquemas de tráfico de influência para beneficiar criminosos. Como desdobramento dessas investigações, na semana passada foi afastado temporariamente de seu posto o desmbargador Eustáquio da Silveira, do Tribunal Regional Federal (TRF) de Brasília. Nesta semana, uma comissão de sindicância do STJ pediu também o afastamento do ministro Vicente Leal. O afastamento se destina a facilitar as apurações. De acordo com notícia divulgada pelo STJ, o ministro Edson Vidigal conversou com o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, sobre a atuação do procurador da República no Mato Grosso Pedro Taques, que está conduzindo as investigações sobre a quadrilha de Arcanjo. Para o ministro do STJ, o procurador não está se portando com lisura no caso. "Acredito que na simples leitura de um só documento será possível constar que o senhor Paulo Taques deve ser mandado de volta para um novo concurso para Procuradoria da República", afirmou Vidigal, segundo nota divulgada pela assessoria do STJ.