Ministro do Turismo testa positivo para covid-19 três dias após encontrar Bolsonaro

Gilson Machado já tomou duas doses da vacina contra a doença

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Por Iander Porcella (Broadcast)
Atualização:

Brasília - Três dias após se reunir com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto, o ministro do Turismo, Gilson Machado, informou neste sábado, 15, que testou positivo para covid-19. Ele já tomou duas doses da vacina contra a doença.

"Testei positivo para covid. Estou assintomático. Seguirei o protocolo de recuperação do Ministério da Saúde e do meu médico", escreveu Machado no Twitter. Por meio de nota, a pasta chefiada pelo ministro também se manifestou. "Ministério do Turismo informa que o ministro Gilson Machado Neto testou positivo para covid-19. Ele está sem sintomas e vai seguir em Recife (PE), onde cumprirá o protocolo de recuperação indicado pelo Ministério da Saúde", diz o documento.

Gilson Machado já tomou duas doses da vacina contra a doença. Foto: Isac Nóbrega/PR

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De acordo com a agenda pública de Bolsonaro, o presidente teve uma reunião com o ministro no Palácio do Planalto nesta quarta-feira, 12, das 16h às 16h30. Naquele mesmo dia, Gilson Machado participou de um evento oficial do governo com o chefe do Executivo. Nenhum dos dois usava máscara de proteção. A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Comunicação (Secom) e perguntou se Bolsonaro fará teste de covid e entrará em isolamento social, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

A cerimônia de lançamento de linhas de crédito para pesquisadores artesanais, realizada no Planalto, também contou com a presença do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, do vice-presidente, Hamilton Mourão, e dos ministros Paulo Guedes (Economia), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência), Walter Braga Netto (Defesa), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e João Roma (Cidadania). Guedes era o único que usava máscara.

Nesta quarta-feira, 12, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, também informou estar com covid-19. Nos últimos dias, diversas autoridades contraíram a doença. A nova onda de infecções no País, que tem levado também ao aumento da procura por testagem, é causada pelo espalhamento da variante Ômicron do coronavírus, que é altamente contagiosa.

Em 7 de julho de 2020, no primeiro ano da pandemia, após ter minimizado a crise de saúde em diversos momentos, Bolsonaro disse que havia contraído a doença, o que ganhou repercussão internacional. Na ocasião, em entrevista no Palácio do Alvorada, o presidente afirmou que havia iniciado tratamento com hidroxicloroquina, medicamento comprovadamente ineficaz contra a doença.

Ômicron

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Nas últimas semanas, em meio a uma explosão de casos de covid-19 no País, Bolsonaro voltou a minimizar o coronavírus. Nesta quarta-feira, 12, durante uma entrevista, chegou a sugerir que a Ômicron é "bem-vinda" e pode sinalizar o fim da pandemia. Dados apontam que a nova cepa do coronavírus tem causado menos mortes do que em outras ondas da crise sanitária, diante do cenário de vacinação mais alta, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que ainda é cedo para tratar a covid como uma doença endêmica.

Em outra entrevista, na terça-feira, 11, o presidente havia afirmado que haveria "caos" e "rebelião" se o País decretasse "novo lockdown" neste ano, por causa da piora da crise sanitária, diante da disseminação da Ômicron. Diferentemente do "lockdown" que o presidente citou, contudo, foram tomadas no País apenas medidas localizadas de isolamento social e restrição de circulação de pessoas. Estados têm adotado, por exemplo, restrições a eventos com grandes aglomerações.

Nesta sexta-feira, 14, Bolsonaro causou aglomeração em Macapá (AP), onde participou do lançamento de um cabo de fibra óptica submerso em rios, por meio do Programa Norte Conectado, que tem o objetivo de expandir a infraestrutura de comunicações na região amazônica.

"Mostrei, como um general em combate, [como] eu deveria me comportar no momento difícil da pandemia. Lamentamos as 600 mil mortes, mas nós temos que viver, nós temos que sobreviver e temos que vencer", disse o presidente durante o evento.

Ao chegar a Macapá, Bolsonaro foi recebido no aeroporto por apoiadores, que tiraram fotos com ele aos gritos de "mito". A maioria não usava máscara de proteção. Após realizar uma visita técnica no local da instalação dos cabos, o chefe do Executivo causou aglomeração ao andar, também sem máscara, em meio às pessoas.

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