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Ministro do Supremo vê ''''clima de atemorização''''

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Por Fausto Macedo
Atualização:

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que ficou chocado com as recentes ações policiais na Universidade de Brasília (UnB). "Predomina no campus um clima de atemorização", avaliou. Sábado, munida de ordem judicial, a polícia cercou o prédio da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), vinculada à UnB, sob suspeita de desvio de finalidade e gastos incompatíveis com suas atividades - inclusive a decoração do apartamento do reitor, Timothy Mulholland, ao preço de R$ 470 mil. "Ninguém compactua com irregularidades", ressaltou o ministro. "Se houve (irregularidades), têm que ser coibidas. Mas eventuais abusos têm que ser tratados nos foros adequados, com a moderação devida." Mendes foi aluno da UnB nos anos 70. Hoje é professor de Direito Constitucional. "Estou preocupado com esses últimos movimentos. A presença de policiais no campus rememora coisas que a gente gostaria de esquecer." Ele citou dois episódios que marcaram o regime militar - a invasão da USP, em 1968, e a invasão da PUC-SP, em 1977. "Essas ações policiais são compatíveis com a autonomia universitária? Já se fala em devassa das fundações. Não conheço os elementos dos autos, mas trata-se da mais importante universidade do Centro-Oeste submetida a uma devassa indefinida. Há regras básicas que precisam ser observadas." Para Mendes, trata-se de uma questão de proporcionalidade. "É preciso força policial para cercar a Finatec, onde estão apenas alguns professores? Essa discussão tem que ser aberta, a universidade deve participar."

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