Ministro das Cidades admite alteração em nota para obra da Copa

Sem concluir a entrevista, Mário Negromonte nega fraudes na mudança de projeto que ignorou relatório contrário à execução de projeto de instalação de modal em Cuiabá

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Por Redação
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O ministro das Cidades, Mário Negromonte, admitiu ter havido mudança no projeto de mobilidade urbana de Mato Grosso para implementar o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Cuiabá, cuja execução foi reprovada pela COntroladoria-Geral da União (CGU), conforme revelou reportagem do Estado desta sexta-feira, 25. Em entrevista à Rádio Estadão ESPN, nesta manhã, Negromonte negou que a alteração do projeto foi feita de forma fraudulenta. Na entrevista, Negromonte negou fraude no caso, chamou o repórter do Estado de mentiroso e desligou o telefone durante a conversa.

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"O que houve foi divergência de opiniões dos técnicos. Não tem fraude", afirmou o ministro. Segundo ele, o chefe de gabinete do mistério, Cássio Peixoto, pediu que o projeto fosse reavaliado. "Ele não pediu ao meu mandado, não. Ele disse que solicitou a reanálise", disse. Cássio Peixoto integra o Grupo Especial de Acompanhamento da Copa 2014 (Gecopa) e, de acordo com o ministro, a troca do modal, linha rápida de ônibus para VLT, foi uma decisão do grupo, feita a pedido do governo de Mato Grosso. "Se houve comportamento errado, a sindicância vai apurar. Não vou botar mão na cabeça de ninguém. Se houve erro, vai ser analisado", afirmou.

Negromonte disse ainda desconhecer o relatório da CGU, que alertou que o VLT não deve ficar pronto até a Copa do Mundo de 2014. De acordo com o documento, o governo de Mato Grosso omitiu informaçõe sobre o gasto com a obra, orçada em pelo menos R$ 1,2 bilhão, R$ 700 milhões a mais do que a proposta original, da linha rápida de ônibus. "Apenas foi uma proposta do governo do Estado [do Matro Grosso], que tem autonomia federativa, para sugerir uma alteração do modal", argumentou o ministro.

Nessa quinta-feira, 24, o estadão.com.br mostrou gravações em que funcionários do ministério falam sobre os estudos técnicos feitos sobre a obra e a opção que favorece o governador do Mato Grosso, Sinval Barbosa (PDMB). O segundo estudo, que deu parecer favorável à obra, ficou com identificação igual a do primeiro, contrário ao projeto. Para Negromonte, entrentanto, não há indício de irregularidades. "Havia a opinião de um técnico dando um parecer e a opinião de outro técnico, da diretora Luiza Gomide Vianna, que é mais bem preparada, que reavaliou o parecer", disse. "Não houve fraude. Estão querendo colocar chifre em cabeça de jumento." O analista técnico Higor Guerra, que anteriormente deu parecer contrário à obra, negou-se a assinar o novo documento e há duas semanas pediu desligamento da pasta.

Irritado, Mário Negromonte afirmou que o relatório da CGU, que aponta falhas no novo projeto, será analisado. "Você está agoniado [disse ao repórter Leandro Colon]. Temos responsabilidade e vamos primeiro apurar [o que houve]." O ministro repetiu várias vezes durante a entrevista que mandou abrir sindicância para avaliar o caso e que se nega a demitir funcionários na pasta para não "prejulgar" os envolvidos.

Investigações. Após as denúncias de irregularidades, o Ministério Público em Mato Grosso e no Distrito Federal decidiu investigar se houve improbidade administrativa dos gestores do Ministério das Cidades. Se ficar constatada a adulteração do documento, a obra em Cuiabá pode ser embargada.

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