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Ministro da Justiça diz que abertura de impeachment de Dilma é 'retrocesso ao convívio democrático'

'Foi uma enorme injustiça com quem não deve nada a ninguém', afirmou Eugênio Aragão sobre decisão da Câmara

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Por Luísa Martins
Atualização:

BRASÍLIA - O ministro da Justiça, Eugênio Aragão, afirmou nesta terça-feira, 19, que a admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados no domingo foi "um golpe ignóbil, à base de traições e dentro de um clima de ódio político". "Foi um retrocesso ao convívio democrático e ao diálogo, uma violência e uma enorme injustiça com talvez a única que não deva nada a ninguém", disse o ministro durante cerimônia de celebração ao Dia do Índio, na Fundação Nacional do Índio (Funai).

Ministro da Justiça, Eugênio Aragão Foto: André Dusek|Estadão

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Aragão destacou que a ordem da própria presidente é avançar nas pautas de povos e terras indígenas, que terão "urgência no Ministério da Justiça". Dilma, segundo o ministro, teria "manifestado vontade" de participar, no próximo dia 27, da instalação do Conselho Nacional de Política Indigenista, cuja criação foi anunciada em dezembro pelo governo federal. "Sinto pesar pela situação que vivemos. Não sabemos, a esta altura, o dia de amanhã, mas não precisamos estar dentro do governo para continuar na luta, pois todo ser humano é um ser político", destacou o ministro, que já foi procurador-geral da Funai na década de 1990.

Para ele, "são tempos complicados que atingiram seu auge no domingo, com o golpe perpetrado contra a presidente". "As causas libertárias, como as de povos e terras indígenas, dependem da democracia. A democracia garante a pluralidade e faz com que todos sejamos tratados como iguais perante a lei, formando uma família política independentemente de nossas convicções", disse.

Ele justificou a "brevidade" de seu discurso na cerimônia em função de "estar sendo chamado pela presidente", sem especificar a pauta do encontro.