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Ministro da Defesa pede demissão e vice assume

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Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Defesa, José Viegas, pediu demissão hoje. Segundo informação da assessoria de imprensa da Presidência da República, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou o vice-presidente José Alencar para assumir o cargo. De acordo com a nota divulgada pela assessoria da presidência, Viegas pediu demissão no dia 22 de outubro, mas só hoje foi aceita pelo presidente. A transmissão do cargo de Viegas para Alencar será na próxima segunda-feira, às 11 horas, no Palácio do Planalto. A saída de Viegas ocorre logo após a crise iniciada com a publicação de fotos do jornalista Vladimir Herzog morto durante a ditadura militar. As fotos, que depois foram descartadas como sendo as do jornalista, provocaram uma forte reação do Exército, que chegou a publicar uma nota defendendo a ação dos militares na ditadura. A carta causou mal estar e o Exército teve que se retratar a pedido de Lula. Leia a cronologia da crise  DIA FATO 17 de outubro O jornal Correio Braziliense publica fotografias inéditas do jornalista Vladimir Herzog sendo torturado na cela do Doi-Codi de São Paulo antes de morrer. No mesmo dia, a assessoria de comunicação do Exército divulga uma nota, sem assinatura, afirmando que as ações da Força na época eram ?uma legítima resposta à violência dos que recusaram diálogo, optaram pelo radicalismo e pela ilegalidade e tomaram a iniciativa de pegar em armas e desencadear ações criminosas?. 18 de outubro A nota do Exército cria um mal-estar no governo. O presidente Lula se diz constrangido e o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), advogado de ex-presos políticos, cobra uma manifestação pública do ministro da Defesa, José Viegas, contra a posição do Exército. O presidente nacional do PT, José Genoíno, também se manifesta contra a nota. 19 de outubro Uma nova nota é divulgada, desta vez assinada pelo comandante do exército, Francisco Albuquerque, falando no poder da democracia brasileira e retirando as palavras de defesa à repressão militar. Viegas classifica a primeira nota do Exército de ?inaceitável? e dá o assunto por encerrado. 21 de outubro O ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda, afirma que, segundo a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) o havia informado, as fotos que circulam na imprensa não são de Herzog. 21 de outubro A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e a Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara criam uma subcomissão conjunta para buscar tornar públicos os documentos pertencentes aos serviços de inteligência do governo no período do regime militar (1964-1985). 22 de outubro Viegas se encontra com o presidente Lula e a alta cúpula das Forças Armadas na base aérea de Brasília, para a cerimônia do Dia do Aviador. No mesmo dia, o ministro entrega o cargo em caráter irrevogável. Lula pede tempo e não divulga a demissão de Viegas. 26 de outubro Nilmário Miranda anuncia que o governo irá reexaminar o decreto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que mantém sob sigilo os documentos relativos ao período de repressão política. Mas, segundo o ministro, a determinação de Lula é que esse reexame seja feito com cautela, para não provocar crises políticas ou militares. 28 de outubro Uma nota assinada por Nilmário Miranda anuncia que a viúva de Herzog, Clarice, negou que as fotos publicadas pelo Correio Braziliense sejam de seu marido. Clarice viu a seqüência de fotos em uma visita de Miranda e do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, General Jorge Armando Félix, à sua casa. Os dois foram sido enviados pelo presidente Lula. 04 de novembro O presidente Lula aceita o pedido de demissão de Viegas e indica o vice-presidente José Alencar para ocupar o ministério, acumulando os dois cargos.

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