PUBLICIDADE

Ministro atribui crise a loteamento político da direção da Conab

Para Rossi, divisão de cargos entre partidos cria disputas e "talvez tenha faltado atenção em algumas coisas"

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

BRASÍLIA - O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, reconheceu na segunda-feira, 8, que a crise no setor é fruto do loteamento político da pasta. Ao se eximir de envolvimento nas denúncias de corrupção, o peemedebista admitiu que o fato de as diretorias da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) serem ocupadas por apadrinhados políticos de diferentes partidos é um foco de tensão.

 

PUBLICIDADE

"Há sempre uma concorrência natural por espaço. A Conab tem diretores de vários partidos e isso tem gerado problemas. Hoje, sinto que há uma certa dificuldade de entendimento entre os diretores", argumentou Rossi. As diretorias da Conab são ocupadas por indicados políticos do PMDB, PTB e PT. Ao rebater as denúncias de corrupção, Rossi reconheceu: "Talvez tivéssemos faltado com a atenção em algumas coisas". "Eu não consigo cuidar de tudo", justificou.

 

Segundo o ministro, as disputas entre grupos rivais dentro da Agricultura e da Conab, somadas à "mentalidade corporativista de algumas pessoas", podem ter desencadeado as denúncias contra a pasta. "Quem conhece a administração pública sabe que, às vezes, você muda a equipe, e a equipe anterior e a atual se hostilizam por baixo do pano."

 

A crise na Agricultura ficou mais grave depois que a revista Veja revelou que o lobista Júlio Fróes teria uma gravação em que Milton Ortolan, então secretário executivo do ministério, exigia propina de 10% sobre contrato firmado com a pasta. Na segunda-feira, Rossi afirmou não conhecer Fróes. Na semana passada, a Agricultura já tinha sido alvo de denúncias feitas por Oscar Jucá Neto, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que disse existir um esquema de desvio de recursos na Conab e no ministério.

 

Indicado para o cargo pelo vice-presidente Michel Temer, Rossi garantiu que "a presidente Dilma tem dado todos os motivos para que eu me sinta firme e confortável e que meu trabalho está sendo avaliado adequadamente". Até as 20 horas de segunda-feira, o ministro não havia se encontrado nem conversado com Dilma. Seu contato foi só com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.

 

Sindicância. Ao se defender, Rossi descredenciou a reportagem de Veja, ao dizer que "deram voz a algumas pessoas que deveriam ter sido melhor avaliadas". Munido de papéis que afirmava serem documentos, Rossi rebateu uma denúncia por vez e anunciou a criação de comissão de sindicância para apurar as supostas irregularidades na pasta. A comissão será presidida pelo coordenador adjunto da Advocacia-Geral da União (AGU), Hélio Saraiva Franca. Segundo o ministro, todos os servidores citados pela reportagem serão ouvidos.

 

Amigo há mais de duas décadas de Ortolan, Rossi informou que ainda não escolheu um substituto para a secretaria executiva. O ministro revelou que tentou convencer Ortolan a se licenciar do cargo durante a investigação das denúncias, mas, segundo Rossi, o ex-secretário "se sentiu insultado pelo tipo de situação e pediu demissão em caráter irrevogável".

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.