Ministro acusa Câmara de descumprir acordo

Lupi condena aprovação de emenda que extingue contribuição sindical

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Por Paulo Darcie
Atualização:

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, acusou ontem a Câmara de descumprir acordo ao aprovar emenda à proposta de regulamentação das centrais sindicais que extingue a contribuição sindical obrigatória. Para ele, a iniciativa partiu de parlamentares que querem acabar com o sindicalismo no Brasil. "Pega mal para o parlamento, é muito feio. Em quem acreditar quando a representação do povo não cumpre acordo que se estabelece?", criticou. Lupi participou de reunião com líderes de seis centrais sindicais em São Paulo. Eles receberam como um golpe a aprovação da emenda pela Câmara na quarta-feira e ontem discutiram como atuar no Senado, que tem 45 dias para votar. Segundo o ministro, o projeto original foi discutido por anos entre governo, centrais e representantes dos partidos. "Foi aprovado por unanimidade nas comissões de Trabalho, Finanças e de Constituição e Justiça da Câmara. Não vai mudar por vontade de um", disse, referindo-se ao deputado Augusto Carvalho (PPS-DF), autor da emenda. As centrais não defendem a contribuição obrigatória. Apóiam a criação de outro modelo de financiamento sindical, o que estava previsto no texto original do projeto. "O objetivo da proposta é, claramente, enfraquecer o movimento sindical", afirmou o presidente da CUT, Arthur Henrique. Lupi considera "perverso" o sistema proposto. "É como se dissessem: ?Se mantenham em pé sem alimento?." Ele acredita que seria o fim dos meios de arrecadação dos sindicatos. O ministro fez comparação com a manutenção da contribuição obrigatória para os fundos patronais. Vem do imposto metade do orçamento do chamado "Sistema S", que inclui entidades como Sesi, Senai e Sesc. Lupi elogiou o trabalho delas, mas questionou o tratamento diferenciado. "Com eles ninguém mexe. São poderosos." SENADO Na quarta-feira, Lupi se encontra com o presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), e começa o processo de convencimento de senadores para derrubar a emenda ao projeto. Viana reconhece que a abordagem do tema não será fácil. "É uma matéria que merece diálogo e posicionamento, é um assunto delicado porque envolve posição ideológica, política, o interesse dos trabalhadores organizados do País e a sobrevivência do movimento sindical brasileiro." "Vamos apelar para que tenham sensibilidade e não acabem com o sindicalismo no Brasil", disse Lupi. Segundo o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), esse apelo não será só com conversas amigáveis. "A pressão sobre alguns não será tão democrática, pois são candidatos a prefeito e terão de explicar sua posição aos trabalhadores de suas cidades."

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