Em uma ação política combinada, o governo decidiu ontem que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, vai mesmo depor na Comissão de Infra-Estrutura do Senado e responderá a perguntas sobre os cartões corporativos e o dossiê vazado do Planalto com dados sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Poucas horas depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmar, na Holanda, que Dilma deveria comparecer à comissão, a ministra divulgava em Brasília um ofício garantindo a presença e dizendo que falaria "com prazer" sobre as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). É provável que a audiência aconteça na próxima quarta-feira. O Planalto considera inevitável que Dilma seja questionada sobre o dossiê. "Não posso impedir nenhum senador de falar sobre isso", disse o senador Marconi Perillo (PSDB-GO), presidente da comissão. Questionado sobre isso, Lula disse que a oposição não está amordaçada. "A lógica é que quem pergunta o que quer ouve o que não quer", afirmou. A decisão de mandar Dilma à comissão faz parte da estratégia do governo para dar sobrevida à CPI Mista dos Cartões Corporativos e, ao mesmo tempo, tentar sepultar a comissão de inquérito integrada apenas por senadores. O Planalto espera que a ida de Dilma ao Congresso satisfaça a oposição, que, em troca, desistiria de instalar uma nova CPI. Em minoria na CPI restrita ao Senado, com três das 11 vagas, os oposicionistas buscam uma saída honrosa para desistir da comissão.