Ministério Público Federal pede à Justiça anulação da licença de reabertura do garimpo de Serra Pelada

Procuradores dizem que garimpeiros foram enganados pelos diretores da empresa canadense Colossus Minerals e da Cooperativa de Mineração de Serra Pelada (Coomigasp)

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Por Leonencio Nossa/BRASÍLIA
Atualização:

O Ministério Público Federal pediu à Justiça a anulação da licença de reabertura do garimpo de Serra Pelada, no Sul do Pará. Na ação, os procuradores da República André Casagrande Raupp e Tiago Modesto Rabelo argumentam que os garimpeiros foram enganados pelos diretores da empresa canadense Colossus Minerals e da Cooperativa de Mineração de Serra Pelada (Coomigasp) que fizeram parceria para explorar ouro na antiga mina.

 

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No último mês, uma série de reportagens publicadas pelo Estado revelou que um grupo de aliados do senador Edison Lobão (PMDB-PA) montou um esquema de empresas de fachada e efetuou pagamentos irregulares para controlar o garimpo. As reportagens também mostraram que a reabertura do lendário garimpo está sendo marcada por violações aos direitos humanos, como assassinatos e intimidações.

 

Os procuradores observaram, na ação, que as irregularidades começaram em 2007, quando a Coomigasp atrasou a divulgação do convite para mineradoras interessadas em explorar o garimpo. A Colossus, segundo os procuradores, foi informada com antecedência do processo de abertura e teve tempo para apresentar uma proposta.

 

Garimpeiros disseram que as assembleias que em 2007 criaram a Serra Pelada Companhia de Desenvolvimento Mineral, sociedade formada pela Colossus e pela Coomigasp, não tiveram convocação pública. Essas assembleias também não teriam atendido ao estatuto da cooperativa.

 

Os procuradores levantaram suspeitas sobre aditivos ao contrato de criação da sociedade que permitiram a Colossus aumentar a porcentagem de participação no empreendimento. A cooperativa conta com cerca de 43 mil associados, mas a reabertura só estaria beneficiando um pequeno grupo de garimepeiros.

 

Depois da assembleia. Na tarde de sexta-feira (27), a Justiça Federal, em Marabá, negou pedido de liminar dos procuradores para suspender imediatamente as operações da Colossus em Serra Pelada. O juiz Carlos Henrique Haddad, no entanto, adiantou que voltará a analisar a ação depois de uma assembleia de garimpeiros, prevista para ocorrer amanhã.

 

Em nota divulgada no início da noite desta sexta-feira, a Colossus informou que o cronograma de operações no garimpo não teve mudanças. "A companhia Colossus informa que o projeto em Serra Pelada está sendo realizado de acordo com a legislação brasileira. Acrescenta, ainda, que não procedem alegações veiculadas na imprensa de que tenha sido beneficiada pela Coomigasp, cooperativa dos garimpeiros de Serra Pelada, no sentido de ter o direito a ser parceira daquela entidade no projeto mineral", destaca o comunicado. "A Colossus respeita o Ministério Público Federal do Pará, que solicitou à Justiça Federal a anulação do processo de mineração empresarial em Serra Pelada, porém, discorda frontalmente das alegações presentes à ação apresentada à Justiça que indicam terem havido irregularidades com participação da companhia."

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