Ministério Público defende inquérito sobre suposta venda de MPs que cita Lula

Procurador afirma que investigação aprofunda apurações iniciadas em primeiro inquérito, que trata da corrupção de agentes públicos em edição de medidas provisórias que teria beneficiado montadoras de veículos

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Por Isabela Bonfim
Atualização:

BRASÍLIA - O Ministério Público Federal (MPF) defendeu nesta sexta-feira, 5, a existência de um segundo inquérito já em curso nas investigações sobre suposto envolvimento de Cristina Mautoni e Mauro Marcondes, presos no âmbito da Operação Zelotes, que investiga esquema de compras de medidas provisórias que teria beneficiado o setor automotivo. O inquérito em questão também cita o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

De acordo com a defesa de Mautoni e Marcondes, que pediu o trancamento de um dos inquéritos, haveria dois inquéritos em curso com o mesmo objetivo de investigação. Na última quinta-feira, o delegado da Polícia Federal Marlon Cajado já havia defendido a existência do inquérito. Entre nomes de investigados citados por Cajado estava o do ex-presidente Lula e de Nelson Machado, ex-ministro da Previdêncial Social e secretário-executivo da Fazenda durante o governo Lula. 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva Foto: Dida Sampaio|Estadão

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No entendimento no MPF, o segundo inquérito tem como função aprofundar as investigações iniciadas pelo primeiro, que trata da corrupção de agentes públicos durante a edição de medidas provisórias que teriam trazido benefícios fiscais a montadoras de veículos. 

"Há proximidade, continuidade até, mas não repetição", alegou o procurador Marcelo Ribeiro de Oliveira. De acordo com ele, a medida era necessária para garantir o prosseguimento das investigações. "Não há que se falar em duplicidade de investigações, uma vez que a instauração do presente inquérito deu-se de forma complementar e figurava como a única medida possível à continuidade das investigações."

Cristina Mautoni foi presa pela Polícia Federal no fim de janeiro, acusada de integrar esquema de compra de medidas provisórias no governo federal. Ela é esposa e sócia do lobista Mauro Marcondes Machado, também preso preventivamente em Brasília, por suspeita de operar o suposto pagamento de propinas a agentes públicos para viabilizar medidas provisórias. O caso foi revelado pelo Estadão em outubro.

Novo inquérito. Em ofício enviado à Justiça, Cajado afirmou que um inquérito em curso na Operação Zelotes apura Lula e outros políticos e agentes públicos estão envolvidos em suposto esquema de “venda” de medidas provisórias no governo federal. 

O documento, antecipado pelo Estado, foi enviado na última terça-feira, 2, ao juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal em Brasília. Conforme Cajado, a investigação é necessária para atestar se outros servidores públicos e autoridades, além dos já denunciados à Justiça, foram corrompidos para facilitar a edição das MPs ou se apenas foram vítimas de tráfico de influência praticado por lobistas interessados nas normas. 

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