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Ministério Público abandona julgamento de acusados da morte de cacique

MPF não concordou com pedido da defesa para que índios ouvidos no júri falem português

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Por Redação
Atualização:

Julia Baptista, da Central de Notícias

 

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SÃO PAULO - O Ministério Público Federal (MPF) deixou o julgamento, que acontece em São Paulo desde esta segunda-feira, 3, dos três acusados da morte do cacique guarani-kaiowá Marco Veron, por não concordar com pedido da defesa para que os índios ouvidos no júri falem apenas português.

 

A defesa solicitou a impugnação do intérprete escolhido pelos índios, alegando que eles podem falar a língua portuguesa. A juíza Paula Mantovani Avelino, da 1ª Vara Federal Criminal de São Paulo, deferiu parcialmente o pedido e iria designar o intérprete apenas para os índios que não falam português. O MPF, então, abandonou o plenário.

 

De acordo com o MPF, o pedido da defesa é contrário aos artigos 210 e 231 da Constituição Federal e a diversas convenções internacionais, como o artigo 2º da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

 

O julgamento foi suspenso e não tem data para ser retomado. O MPF vai recorrer ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região para garantir aos índios o direito de se expressar na própria língua, o guarani.

 

O cacique foi morto em janeiro de 2003 em Juti, no interior de Mato Grosso do Sul, no acampamento indígena Takuara, localizado na fazenda Brasília do Sul. Na ocasião, quatro homens armados ameaçaram, espancaram e atiraram nos líderes indígenas, incluindo o cacique Veron, que na época tinha 72 anos. Ele foi levado para o hospital com traumatismo craniano, mas não resistiu e morreu.

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